Fechamento de usina pode gerar estado de calamidade pública em Ibirarema


 


Com o fechamento, 1,8 mil trabalhadores foram demitidos em Ibirarema


A cidade de Ibirarema (SP) está passando por uma crise financeira depois que a usina “Pau DAlho” fechou e dispensou 1,8 mil trabalhadores. A empresa fez um acordo, mas não pagou os funcionários. O reflexo está sendo sentido nas vendas do comércio, que caíram e a inadimplência cresceu. Para tentar dar assistência às famílias, a prefeitura vai declarar estado de calamidade pública.

André Augusto de Lima trabalhava como operador de pá carregadeira e foi demitido da usina Pau DAlho em dezembro do ano passado. De lá para cá, sustentou a família apenas com o dinheiro do seguro desemprego, pois foi só isso que conseguiu receber. “Todos que saíram de lá devem estar passando por necessidades até hoje. Deixaram a gente com uma mão na frente e outra atrás”, comentou.

Outros ex-funcionários da usina têm histórias parecidas. Todos foram dispensados depois que a empresa fechou as portas. Um acordo feito entre a diretoria da usina e sindicatos de trabalhadores previa o pagamento parcelado de salários atrasados, férias, décimo terceiro e Fundo de Garantia. No entanto, ele não foi cumprido.

Além dos trabalhadores, fornecedores de cana de açúcar locais também não foram pagos e estão tendo que recorrer à Justiça. “Cortaram parte da nossa cana e não deram nem satisfação. Tentaram levar o restante sem nos pagar e não temos a mínima noção de quando vamos receber”, avisou Silvana Regina Pereira.

Dos 7,2 mil habitantes de Ibirarema, quase mil trabalhavam na usina ou arrendavam terras para a empresa. Não demorou muito para o problema relacionado a uma empresa privada indiretamente se tornar uma preocupação para toda a cidade.

Sem renda, os funcionários demitidos passaram a gastar menos no comércio. “Cada vez está piorando mais a situação”, contou a comerciante Nair Pelissari. Em um mercado, por exemplo, as vendas despencaram. “No próprio começo do mês era aquele movimento. Agora reduziram em 30%, 40% das compras que os clientes faziam normalmente”, disse o comerciante Bruno Henrique Oliveira.

Casas com placas para alugar ou vender têm se multiplicado e muitas pessoas estão indo embora da cidade. A estimativa é de que 80 famílias já tenham deixado Ibirarema. Os gastos da prefeitura com assistência a famílias carentes também aumentaram. O prefeito já se reuniu com lideranças dos trabalhadores e diante da situação decidiu declarar estado de calamidade pública. “Onde tínhamos antes que a cada 10, dois precisavam, hoje a cada 10, seis precisam. Então, infelizmente é uma conta que não fecha. A prefeitura não consegue atender a toda a população. E precisamos de uma solução rápida, emergencial, para que a gente consiga tapar esse buraco imenso na área social do município e na saúde”, avisou o prefeito Thiago Briganó.

Até o começo da noite de quarta-feira, os representantes da usina não foram encontrados para falar sobre o assunto.

G1


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