Evento torna Marília capital nacional da saúde filantrópica


Palestra de Júlio Dornelles, com a presença de Edson Rogatti, aborda gestão, crises e superação de déficits milionários em entidades de saúde sem fins lucrativos
 

Em meio às crises que assombram as instituições de saúde e repercutem na vida do cidadão, Marília foi, na noite da última quinta-feira, dia 24, a capital nacional da saúde filantrópica. O segundo encontro do “Ciclo de Palestras Santa Casa” trouxe à cidade Júlio Dornelles de Matos, presidente da Federação das Santas Casas, Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul. Ele apresentou a palestra “Gestão e Saúde”. Na plateia, personalidades de destaque no setor, como o presidente da CMB (Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Brasil), Edson Rogatti.

O evento integra a campanha “Saúde: Nós Sabemos Fazer para Todos”, promovida pela Santa Casa de Marília para comemorar os 85 anos da instituição. Administradores hospitalares de Marília e região, médicos, profissionais de saúde e de outras áreas que trabalham no apoio à gestão da saúde participaram do evento, realizado no Quality Hotel Sun Valley. O secretário municipal de Saúde, Luiz Takano, e o diretor da DRS IX (Direção Regional de Saúde), Luís Carlos de Paula e Silva, também prestigiaram.

O presidente da federação gaúcha é também diretor de Relações Institucionais do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre, considerado um modelo pela gestão profissionalizada e a segunda maior instituição filantrópica do Brasil, em número de serviços prestados ao SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2013, foram quase 2,1 milhões de atendimentos. O ranking é liderado pela Santa Casa de São Paulo, com quase 3,1 milhões.

A realidade no Sul não é diferente do Sudeste ou, mais especificamente, de Marília ou a capital paulista. Segundo Dornelles, para cada R$ 100 que o hospital gaúcho gastou com o atendimento ao SUS, foi remunerado em apenas R$ R$ 64. O déficit total da unidade passa de R$ 30 milhões. Para evitar o colapso, recursos são buscados na saúde complementar (convênios e particulares), além de receitas com estacionamento e até a administração de um cemitério em Porto Alegre.

O presidente da federação lembrou a situação de falência da instituição na década de 80, quando foi criado um comitê de gestão, mais tarde transformado em diretoria executiva para gerir o hospital a partir de novas perspectivas, incorporando as ferramentas e a filosofia de excelência. A instituição participou do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade. Com o apoio da Fundação Gerdau, iniciou uma trajetória de sucesso que resultou em premiações e a colocou entre as melhores do Brasil, com ampla prestação de serviço ao SUS (60% do total) e viabilidade econômica.

“Para isso, apostamos no sistema de gestão baseado na filosofia da Qualidade Total, com foco no cliente, melhoria de processos e participação de todos. Cada unidade (ala, serviço, setor) é administrada como se fosse uma pequena empresa e todos colaboram dizendo qual deve ser a nossa visão de futuro. Resumimos em um enunciado único e trabalhamos por ele. O planejamento estratégico aponta as ferramentas para atingirmos essa meta, avaliamos os resultados e reiniciamos o ciclo”, disse.

Para o provedor da Santa Casa de Marília, Milton Tédde, Porto Alegre é um exemplo não apenas para Marília, mas para toda instituição filantrópica do país. “É onde queremos chegar. Eu sou um sonhador e às vezes penso que posso estar sonhando demais, mas quero uma Santa Casa grande, forte, viável economicamente e focada na sua missão de atender bem a todos, inclusive aqueles que utilizam a rede pública”, disse o empresário mariliense.

O presidente da CMB e da Fehosp, Edson Rogatti, parabenizou o colega e também presidente de federação pelo trabalho feito no Rio Grande do Sul. Ele destacou que os gaúchos estão no caminho certo e podem ser considerados mestres na gestão hospitalar, principalmente por nunca terem abandonado o associativismo.

Rogatti não poupou críticas ao setor e disse que é preciso fazer uma reflexão. O exemplo de competência e união do Sul tem que ser replicado, para que conquistas efetivas e valorização sejam conquistadas. “O governo federal não pode continuar sendo irresponsável com a saúde do povo, como vem sendo. E nós, administradores e provedores de filantrópicos não podemos mais ser passivos como somos”, disparou.

Segundo dados da CMB, o setor é formado por 2.100 unidades de assistência, com 126.883 leitos oferecidos ao SUS (de um total de 170.869 ativos). São 140 mil médicos autônomos, 480 mil empregos diretos e mais de 4,5 milhões de internações ao ano, pela rede pública. (Fonte: Assessoria)



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