Sobrevivente de brutalidade que matou andarilho conta detalhes sobre a tragédia


Na noite da última quinta-feira, dia 23, dois moradores de rua foram brutalmente agredidos em Paraguaçu Paulista, sendo que Luciano Aparecido Cardoso, de 32 anos, morreu ainda no local com golpes de punhal, já a sua companheira, Cícera Feitosa Clemente, de 49 anos, foi atropelada e passa bem. O jovem Ioranis Aparecido Ferreira, de 22 anos, foi o acusado de cometer o crime, e já está atrás das grades. Após cinco dias do ocorrido, procuramos Cícera Feitosa para contar sobre o fato.

A moradora de rua se encontra na Santa Casa de Paraguaçu Paulista. Ela fraturou as duas pernas, e em breve receberá alta. Emocionada, Cícera relembrou dos detalhes daquela noite, que, para ela, foi uma das piores da sua vida.

Segundo Cícera, Ioranis foi até a Praça da Bíblia, local onde ela, Luciano e outros moradores de ruas se encontravam, e ofereceu comida e droga para uma das pessoas, que não aceitou. "Aí ele chamou o Luciano, daí fiquei falando para o Luciano não ir, porque a gente estava em tratamento, mas ele não estava conseguindo parar de usar droga e nem de beber. O Luciano disse que iria e pulou no carro. Quando o carro começou a andar, eu abri a porta de trás e pulei também", completou a moradora de rua.

Para o casal, Ioranis disse que iria para uma casa na Vila Nova, mas no meio do caminho comentou que precisava ir até o distrito de Conceição de Monte Alegre para pegar algo. "Ele acelerava muito. Quando chegou no local, ele trancou as portas do carro e começou a esfaquear o meu marido, que entrou em luta corporal com ele, e nisso eu escutei o barulho de quando as portas destrancaram. Aí eu abri a minha porta e fui tentar salvar o Luciano. Eu abri a porta dele e puxava ele da mão do cara, aí ele correu até naquele lugar onde estava morto", explicou Cícera.

Correndo, a moradora de rua tentou se salvar, mas o jovem atropelou-a. "Ele virou o carro, colocou luz alta e com toda a velocidade veio para cima de mim. Do jeito que ele bateu, me jogou dentro do sítio do homem. Depois ele desceu do carro, e eu fiquei bem quietinha fingindo que estava morta. Aí ele pegou o carro e foi embora", disse a vítima.

Após alguns minutos, um motorista passou no local e acionou a Polícia Militar.

Além de fraturar as pernas, Cícera teve um dos seus joelhos deslocado, e após receber alta médica não sabe para onde irá, pois necessitará de cuidados especiais durante algum tempo. "A assistente social disse que iria arrumar uma casa para eu ficar. Agora, estou na esperança. Nesta semana eu já irei sair daqui", relatou Cícera.

Ela disse ainda que estava sendo assistida pelo CAPS - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, onde fazia dois cursos e realizava as suas refeições. Cícera possui filhos, que viram vê-la, mas que não podem cuidar dela. "Eles moram muito longe. Eles vieram, compraram fraldas para mim e cuidaram de mim no sábado e no domingo. Eles trabalham e tem a família deles", completou.

Há algum tempo, ela estava vivendo com um grupo de andarilhos nas ruas do centro de Paraguaçu Paulista. "Às vezes, precisava ter acontecido isso para eu dar valor na minha vida, porque uma pessoa que chega na condição de morar na rua, igual nós estávamos, não se ama nem a si mesmo", finalizou.

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