Cachaçaria: empresário de Tupã é destaque em reportagem da Folha de São Paulo

Ex-boia-fria fatura cerca de R$ 100 milhões por ano.


 


Delfino Golfeto, fundador da rede Água Doce Cachaçaria


O tupãense Delfino Golfeto, 64, é destaque em reportagem publicada na edição deste sábado do jornal Folha de São Paulo. A matéria com o título: “Ex-boia-fria fundou rede de cachaçarias com lojas em 12 Estados”, é assinada pelo jornalista Marcelo Toledo, de Ribeirão Preto.


Confira a matéria na íntegra:

Dos 10 aos 17 anos, Delfino Golfeto, 64, trabalhou como boia-fria em culturas como café, amendoim e algodão.

Muito antes do advento do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), atuava sem proteções para os olhos, canelas e pés.

"Havia muitos acidentes. Eu mesmo cortei a perna duas vezes com podão [foice usada pelos trabalhadores boias-frias]", disse.

No começo dos anos 1970, chegou a cortar cana durante seis horas seguidas, até atingir a média de colheita da época, de 5 toneladas da matéria-prima base para a produção de etanol e açúcar.

"Nos anos 70, não havia a epidemia de cortadores de cana como anos depois. O corpo ficava moído", conta ele na unidade de Moema (zona sul de São Paulo) da cachaçaria Água Doce.

 A rede de lojas montada por ele tem 97 estabelecimentos em 12 Estados brasileiros —95 franqueados e 2 lojas próprias. O faturamento supera R$ 100 milhões.

Outras quatro devem ser abertas nos próximos meses. Além da bebida que dá nome à rede, as lojas servem comida brasileira.

Nos canaviais de cidades como Oriente, Quatá e Maracaí (no interior do Estado de São Paulo), onde se aproximou do mundo das usinas, Golfeto já não era boia-fria, mas gerente de lavoura.

 Naquela região, cortava cana para ensinar o ofício aos jovens trabalhadores rurais que começavam a chegar em peso do Nordeste.

Natural de Adamantina (SP), Golfeto usou essa experiência nos canaviais para mais do que apenas garantir sua renda nos primeiros anos de trabalho. Montou pequenos engenhos de aguardente, onde precisou botar a mão no facão mais uma vez.

"Não tinha jeito. Como era um negócio pequeno, tinha de participar de todos os processos, inclusive cortando cana novamente. E esse mundo da cachaça era muito marginalizado", diz ele.

A primeira unidade da rede foi aberta na garagem de sua casa, em Tupã, também no interior de São Paulo. Hoje, as 97 unidades abertas geram cerca de 5.000 empregos (diretos e indiretos).

O mercado nacional tem hoje, segundo ele, cerca de 5.000 rótulos de cachaça, mas apenas 900 operando regularmente. Após ter mais de 400 tipos à venda na rede de cachaçarias que fundou, reduziu o volume para as atuais cem, por motivos logísticos e financeiros —"o metro quadrado está muito caro". "Tomamos a decisão de trabalhar com as cem melhores marcas."

Apesar do nome, a venda de cachaças corresponde a apenas 4% da receita do grupo de unidades. O carro-chefe da rede é a cozinha brasileira, com 60% do faturamento.

 

Por: Folha de São Paulo



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