Datas comemorativas viram tábua de salvação

Com as datas comemorativas, sempre estratégicas para o comércio, vem acontecendo algo nesse sentido.


 

Ao longo da história, encontramos diversos exemplos de mudanças ocorridas por causa de crises. Não poderia ser diferente. O instinto de sobrevivência impele o homem a agir para superar as dificuldades. O mundo dos negócios funciona da mesma forma. Quem não busca saídas para os problemas sucumbe. É natural então que o atual momento da economia leve a adaptações a novas realidades.

Com as datas comemorativas, sempre estratégicas para o comércio, vem acontecendo algo nesse sentido. Com as datas comemorativas, sempre estratégicas para o comércio, vem acontecendo algo nesse sentido. Para cada data, uma decoração temática, produtos relacionados, promoções, etc. Este ano, com a recessão e as vendas minguando, o comércio ficou ainda mais dependente da agenda, vista como tábua de salvação; a esperança é recuperar – pelo menos em parte – as perdas.

Uma observação mais atenta do comércio nos permite perceber a exploração ao máximo de cada efeméride. Não é raro ouvirmos falar não no Dia das Crianças, mas no Mês das Crianças. A Black Friday, queima de estoque que será em 27 de novembro, virou Black November, também estendendo as promoções para o mês inteiro. A decoração de Halloween, a festa do dia das bruxas, realizada em 31 de outubro e cada vez mais popular no território verde e amarelo, se misturou a Papais Noeis que já estavam nos shoppings.

Nada de errado nisso. É legítimo o comerciante querer chamar a atenção do consumidor por meio desses eventos e, diante do contexto desfavorável, vale “prolongar” as datas. Não é para menos com previsões tão ruins. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas natalinas devem recuar 4,8% este ano em relação ao mesmo período do ano passado. Se confirmada, será a primeira queda em 11 anos.

Mas quero chamar a atenção para um aspecto. Quando se trata de promoções, credibilidade é fundamental. Não cumprir o prometido é destruir a imagem da empresa perante o cliente. A Black Friday passou por isso. A característica dela é oferecer descontos agressivos em um único dia. Em edições anteriores houve reclamações a respeito de lojas que elevaram os preços antes para, no dia da promoção, oferecer um desconto falso e o produto saía pelo preço normal. Outras queixas davam conta de o estoque da mercadoria com abatimento se esgotar nos primeiros minutos nas vendas online, numa clara prova de que o estabelecimento não estava preparado para a demanda. Prejuízo para a imagem da loja e da própria Black Friday.

E esticar a promoção para o mês todo? É possível ser fiel à proposta e dar o abatimento esperado nos preços por tanto tempo? É o caso de se pensar bem.

Outro detalhe: a promoção deve ser algo especial, uma possibilidade de vantagem para o cliente. Uma loja que usa e abusa disso, banaliza a iniciativa e o que era para ser um diferencial passa a ser corriqueiro e perde força.

Se você é varejista e quer saber como aproveitar bem as datas comemorativas, procure o Sebrae-SP e conheça a cartilha desenvolvida especialmente sobre o tema. Com o direcionamento correto, seus resultados certamente serão melhores.

 


Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP



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