Icesp considera pílula do câncer segura após teste

A próxima etapa da pesquisa começará na segunda-feira.


Responsável pela pesquisa, porém, disse que remédio 'não é tão milagroso como se imaginava'

 

 

A polêmica pílula do câncer foi considerada segura após o término da primeira fase de testes em humanos, anunciou na quarta-feira (5) o Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). No evento também foi divulgado que a próxima etapa da pesquisa começará na segunda-feira.

Segundo Paulo Hoff, diretor do instituto, a etapa inicial do estudo em pacientes com a doença durou dois meses e avaliou dez pessoas com diferentes tipos de tumor. O teste, conforme sua avaliação, comprovou a segurança da fosfoetanolamina sintética, a popular pílula do câncer, já que ela não apresentou efeitos colaterais graves.

Durante os 60 dias, porém, seis pessoas abandonaram a pesquisa para iniciar tratamentos como quimioterapia e radioterapia porque o câncer se agravou. Hoff, no entanto, descartou qualquer relação do avanço da doença com a pílula  nem apontou ineficiência no estudo.

“Isso mostra a complexidade do câncer. Mas o fato de esses pacientes não terem se beneficiado não quer dizer que não há efeitos. Não era objetivo dessa fase testar eficácia, mas mostrar que o produto não é tão milagroso como se imaginava”, afirmou o diretor.

“Eu sei que algumas pessoas tinham uma expectativa de que todos os pacientes que recebessem o produto imediatamente melhorassem, mas nós só vamos ter uma resposta quanto ao real benefício na fase dois”, completou.

Na próxima etapa serão avaliados mais de 200 pacientes, divididos em 20 grupos de dez tipos de tumores: cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto, colo uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado

Todos os voluntários são pacientes do Icesp. Cada um irá receber três comprimidos por dia por seis meses. Quando três pessoas em um grupo apresentarem melhora, outras serão incluídas na pesquisa, podendo chegar até a mil voluntários.

Caso o grupo não atinja a meta de três pessoas beneficiadas, os testes serão interrompidos para aquele tipo de tumor.

“Se 19 pacientes progredirem na doença, independentemente de conhecimentos estatísticos, todos concordaríamos que não seria adequado prosseguir com o estudo.”

 

Polêmica

No início do ano, o medicamento foi motivo de polêmica por ter sido distribuído antes de ser testado em humanos e passar pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O produto foi desenvolvido pelo professor do Instituto de Química da USP, Gilberto Chierice.

Testes chegaram a ser realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, mas a eficácia da ainda não foi comprovada.

 

Fonte: Diário de São Paulo | Foto: Almeida Rocha/DiárioSP



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