BRASIL: Um País Sem Juízo (e Sem Esperança)!

Leia o artigo de ​Leônidas Correia das Neves, advogado e autor literário.


 

Amanhã, 1.º de Janeiro de 2017, milhares de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, bem como outros milhares de ocupantes de cargos comissionados (poder executivo) e de cargos de assessoramento (poder legislativo) tomarão posse de suas funções eletivas nos 5.561 municípios brasileiros.

É verdade que uma pequena parte destes “homens públicos”, por enquanto, ainda ostentam ficha limpa. Mas boa parte deles, senão a maioria, tomará posse de seus mandatos amparados por alguma liminar judicial (Habeas Corpus Preventivo) no bolso de seus paletós. Outra parte comparecerá às solenidades com tornezeleiras eletrônicas, e não duvido se os mais agressivos comparecerão algemados e escoltados pelas polícias estaduais e federal.

A exemplo de outras tragédias tupiniquins, este será mais um festival horrores propicidado pelo decadente Estado de Direito brasileiro.

Os crimes cometidos?

Os mais diversos possíveis e imagináveis já que, no Brasil, a política se tornara sinônimo de carta branca para o cometimento de crimes de toda sorte (homicidio, roubo a bancos, extorsão mediante sequestro, tráfico ilicito de entorpecentes etc.). Vale ressaltar que muitos de nossos políticos jamais ouviram falar em Lei Orgânica Municipal, mas, como ninguém, conhecem o Código Penal e Processual Penal, tendo-os como livros de cabeceira. Tal “literatura” se tornara leitura obrigatória e se configura como a única que nossos políticos fizeram, e ainda fazem, ao longo de suas deploráveis existências. Uma espécie de auto-defesa em seus ideais políticos: o roubo!

Toda essa gente criminosa, no entanto, jura, por todos os juros, que morre de amores pelo povo.

Mentira!

Todos os eleitores, e também os próprios eleitos, sabem que amor não ocupa espaço nos sentimentos de nossos políticos, mesmo que suas esposas e seus filhos façam parte do povo a quem tanto dizem amar. Aliás, em verdade, basta uma simples observação para nossos políticos e rapidamente constataremos que tanto as esposas, quanto os filhos, dessa gente criminosa são as primeiras vítimas das mentiras e dos atos criminosos que praticam.

O que essa gente gosta mesmo é de dinheiro fácil, muito dinheiro! Mesmo que para isto seja necessário se utilizar de miseráveis e desvalidos como escudo ou baricadas contra a polícia e/ou contra a justiça. Usam-nos tanto para a todos roubarem, quanto para se protegerem, tornando essa gente miserável em massa-de-manobra e escravos tanto para os crimes já cometidos, quanto para aqueles que ainda serão praticados. É deste uso indevido em relação a pobres e miseráveis que sobrevém o dinheiro fácil que abunda tanto na corrupção política, quanto na extorsão a empresários, superfaturamento e desvio de verbas públicas.

É isto o que estamos presenciando no Brasil desde a instauração da República Federativa do Brasil, de 15/11/1889 e reforçado, ainda mais, na chamada Nova República (1985 - continua). Aliás, um regime que carece de sentido e/ou significado tanto para os eleitores quanto para politicos eleitos. Menos ainda para as próprias autoridades republicanas, já que outra coisa não fizem, senão ampliarem a criminalidade institucional e comum em escalas exponenciais.

Diante desta constatação o povo se indigna e se revolta. Mas isto para pouco ou nada serve na democracia brasileira. Eis que, de maneira confusa, o Poder do Voto só se manifesta de quatro-em-quatro anos. Um período longo demais se comparado ao Poder dos Criminosos que só precisa de um minuto para roubarem o dinheiro dos impostos e, com isto, roubarem também o juízo, o sonho e a esperança de milhares, talvez milhões, de homens, mulheres e crianças, condenando-os ao completo desalento, ao analfabetismo extremo (estrutural e funcional) e por ai segue.

Dia destes falei sobre isto com um Desembargador de Justiça com quem mantenho boas e respeitosas relações pessoais e profissionais.

Disse-lhe que era uma ilusão demoníaca o slogan constitucional consubstanciado em Todo Poder Emana do Povo! No Brasil, Todo Poder Emana do Crime! Também lhe disse que só o Poder Judiciário detém os instrumentos aptos, e eficazes, para dar um fim nesta bandidagem institucional e comum, quer seja condenando, quer seja impedindo que se candidatem ao exercício de funções públicas, quer seja negando vigência à legislação que se mostra contrária ao Espírito da Justiça, já que originária na promiscuidade e na corrupção que grassa aos borbotões nesta Terra Papagalli.

Ele concordou comigo! E foi ai que chegamos a um consenso sobre as razões pelas quais os impedimentos não ocorrem. E elas são de fácil entendimento! Exemplifico!

Tanto na união nacional, quanto nos estados e municipios, por mais honesto que seja, qualquer cidadão que temporariamente venha a ocupar um assento e a ter voz nos poderes republicanos brasileiros (legislativo – executivo – judiciário), imediata, equivocada e deliberadamente, abandona sua condição de cidadão, para se converter em Estado Promíscuo e Corrupto. Vale dizer: torna-se cumplice da bandidagem recém-desalojada, e passa a cometer crime ainda piores.

Dai a conclusão de que, todo político odeia o povo que o elegeu, salvo se puder utilizá-lo para se reeleger, ou para utilizá-lo como escudo ou barricada quando estiver fugindo das garras da polícia ou da justiça. É só esperar para ver!

É esta falta de consciência, mas repleta de irresponsabilidades, que resulta BRASIL: Um País Sem Juízo (e Sem Esperança)! Um país e uma sociedade onde, por culpa de letargia, apatia e alienação política, constantemente se vê envolvido em depressões social e econômica, tornando-se, ao mesmo tempo, representados e reféns de criminosos de toda sorte.

Isto não terminará bem!


Leônidas Correia das Neves

Advogado e autor literário



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