Número de doadores de órgãos na região de Marília cai 15% em um ano

“A maior parte dos casos de recusa acontecem quando a família desconhece a vontade de ser doador do familiar", disse Rosiane de Cássia.


Foram apenas 39 doadores no passado, contra 45 em 2015

 


    Resistência a contribuição com outra vida necessitada acarretou na queda de 15% entre o ano passado e 2015 - Divulgação

 

De acordo com a Organização de Procura de Órgãos (OPO) da Famema (Faculdade de Medicina de Marília), o ano passado terminou com retrocesso na doação de órgãos para transplante. Ao contrário do que aconteceu em 2015, quando o número de doadores dobrou, em 2016 a resistência a contribuição com outra vida necessitada acarretou na queda de 15%, de 45 para 39 doadores.

A diferença pode parecer pequena, mas o reflexo é grande se comparado a captação dos órgãos: 120 a menos, uma perda de 40%. No ano passado foram captados cinco corações, um pulmão, 17 fígados, 75 rins, e 195 córneas, totalizando 293 órgãos. Enquanto em 2015 foram captados três corações, dois pulmões, 34 fígados, 88 rins, e 286 córneas, totalizando 413 órgãos.

De acordo com Rosiane de Cássia da Silva, técnica da OPO, a recusa familiar é o principal motivo para a queda. “A maior parte dos casos de recusa acontecem quando a família desconhece a vontade de ser doador do familiar. Mas também existem aquelas que num ato de fé não aceitam a morte encefálica e acreditam que a pessoa ainda pode voltar”, explica a especialista. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a recusa das famílias brasileiras foi de 44% em 2016. Porém, Rosiane diz que a queda na regional foi pequena a ponto de indicar “estabilidade”, pois houve regionais onde o declive foi de metade de doadores.

A técnica atribui o sucesso de 2015 a repercussão da importância das doações. “A mídia contribui muito para aumentar esse número. Em 2015 a campanha foi muito forte e teve até uma novela que mostrou um caso de doação. Por isto, precisamos vencer a resistência com a informação”, comenta Rosiane.

Para vencer esta resistência, a Famema tem como principal aliada a escola. “A escola ainda é a maneira mais fácil de levar a discussão sobre doação para dentro de casa”, explica. A regional de Marília inclui 62 municípios entre os pólos Assis, Lins, Ourinhos, Presidente Prudente, Tupã e Santa Cruz do Rio Pardo, que compreendem 141 hospitais.

Ela ainda informa que em 2017 as equipes estão mais organizadas para fazer a captação dos órgãos e que o número de doadores já dá sinais de aumento. “Estamos em fase final de treinamento das Comissões Intra Hospitalar de Doação e Captação de Órgão. Cada hospital terá a sua. Isso vai tornar mais efetivo o serviço. Estamos confiantes porque já houve quatro doadores neste ano”, conta.

 

Fonte: Diário de Marília



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