Filho de pedreiro e doméstica passa em 1º lugar em engenharia na USP

A renda mensal da família é de aproximadamente R$ 1,3 mil e, por isso, Renan sempre estudou em escolas públicas


Apoio dos pais foi essencial para realização de sonho, diz estudante. Renan Bergamaschi de Morais estudava quatro horas por dia em Bariri.


Aos 18 anos, o filho de um pedreiro e de uma empregada doméstica de Bariri (SP) superou mais de 1 mil candidatos e foi aprovado em primeiro lugar no curso de engenharia química da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). "Eu sonhava em passar na Poli, mas não em primeiro lugar. Foi uma verdadeira surpresa. Quando eu vi que passei estava só eu e minha mãe em casa. Comecei a pular e gritar muito com ela, depois fomos comemorar em uma churrascaria”, lembra Renan Felipe Bergamaschi de Morais.

Além do ensino e incentivo da escola estadual onde estuda, o apoio dos pais foi essencial para que um sonho se tornasse realidade. “Sem o apoio dos meus pais eu jamais conseguiria chegar onde cheguei. Claro que além do apoio financeiro, eles me incentivaram muito para ser alguém na vida. Quantas vezes meu pai me levou às cidades da região para eu prestar uma prova? Ele me levava passando mal, mas levava. Eu queria a presença dele comigo”, conta o jovem.

A renda mensal da família é de aproximadamente R$ 1,3 mil e, por isso, Renan sempre estudou em escolas públicas. No entanto, devido aos bons resultados em olimpíadas e concursos, ele foi convidado a estudar em uma escola particular de Jaú, mas negou a proposta. “Preferi ficar aqui em Bariri, na Escola Estadual Idalina Vianna Ferro. Achei que não compensava mudar de escola já que eu estudava em casa”, diz.

De acordo com Renan, além das aulas no período da manhã, ele se dedicava aos estudos em casa por aproximadamente quatro horas ao dia. “Eu sempre estudei muito, mas tive dificuldades. A principal delas foi o cansaço. Por diversas vezes a gente se sente desmotivado em estudar tanto.”

 


Família apoiou jovem nos estudos (Foto: Heloísa Casonato/G1)


Olimpíadas

Desde 2010, quando Renan se destacou na Olimpíada de Matemática das escolas públicas (OBMEP), os pais Laércio Bento de Morais e Elisabete Bergamaschi de Morais não medem esforços para incentivar o estudo na vida do filho.

“O Renan sempre quis que eu o levasse para fazer as provas e eu sempre estive com ele e o incentivei. Ele foi destaque em muitos concursos e nós sempre o apoiamos, inclusive quando ele representou o Brasil em um concurso na Argentina. É claro que no meu caso eu tive que dar meus pulos. Eu era servente de pedreiro e saí do meu serviço para poder acompanhar a jornada do Renan. Eu não me arrependo porque sempre fiz o melhor pensando nele”, explica o pai Laércio.

Hoje, os pais guardam com carinho mais de 20 medalhas de concursos que o caçula da família conquistou durante a jornada escolar. De acordo com Renan, o amor pelas ciências exatas surgiu a partir dos destaques nas olimpíadas de matemática, já a engenharia química foi escolhida pelo jovem depois de muita pesquisa. “Me identifiquei.”

 

Resultado

As horas reservadas para a leitura de livros, estudo de fórmulas e solução de equações garantiu bons resultados. Renan concluiu o ensino médio em dezembro de 2016 e, um mês depois, soube que havia passado em engenharia química na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).

Em seguida, soube que seu nome estava na lista de aprovados em engenharia química da Escola Politécnica da USP. Ele disputou por uma vaga no curso com outros 1.151 candidatos. Nesta semana, ele também teve a notícia que passou na Unicamp.

 

Escola pública

Renan acredita que a escola pública oferece a base necessária sobre o ensino, já o interesse em passar em um vestibular e obter bons resultados deve partir do aluno. “Além dos meus pais, eu tive muito incentivo da minha professora de matemática e da coordenadora da minha escola. A escola foi a base para eu ter conseguido passar no vestibular.”

Segundo Leodir Vendrameto, coordenadora da Escola Estadual Idalina Vianna Ferro, a vontade de estudar levou Renan à lista dos aprovados no vestibular. “O Renan sempre foi um bom aluno, quieto, atento e dedicado. É claro que o apoio e incentivo da escola também foi muito importante. Muitos outros alunos de nossa escola apresentaram bons resultados nos vestibulares e isso é um orgulho. Espero que o Renan seja um exemplo para todos”, afirma.

 


Aluno de escola estadual de Bariri foi aprovado em 1º lugar na USP (Foto: Heloísa Casonato/G1)

 

Fonte: G1 Bauru e Marília



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