Internada em Marília, mulher emprestou útero para casal e quer a criança

Ela vive o drama de não saber se ficará com o bebê que deu à luz na última quarta-feira (4).


 


Mônica Clesqui, emprestou o útero e após gestação complicada quer ficar com a criança (Foto: Arquivo Pessoal)
 

Internada no Hospital Materno Infantil em Marília, a funcionária pública Mônica Clesqui, de 29 anos, vive o drama de não saber se ficará com o bebê que deu à luz na última quarta-feira (4). Ela “emprestou o útero” para um casal de Blumenau (SC) que reivindica a criança.

O caso, de acordo com Mônica, está “enrolado” na Justiça. Logo após o parto, os donos do material genético conseguiram afastar a gestante do bebê com um mandado de busca e apreensão e proibi-la de sequer vê-lo, diz a mulher.

O bebê, no entanto, nasceu com problemas respiratórios e segue internado na UTI neonatal, o que impediu a criança de ser levada do Hospital. Enquanto isso, outra decisão judicial teria derrubado a liminar obtida pelo casal de SC, segundo a versão de Mônica.

A mulher disse que uma audiência com juiz e promotor de Marília chegou a ser feita na quinta-feira (5) com ela no Materno Infantil, mas outras reviravoltas jurídicas continuam deixando o caso indefinido – ao menos até a próxima segunda-feira (9). O processo está em segredo de Justiça.

 

Entenda

Em entrevista ao Marília Notícia, Mônica contou sua história. Ela é moradora da cidade de Arco-Íris (distante 92 quilômetros de Marília) e tem quatro filhos de outros matrimônios. Atualmente é casada com Edmílson Silva Mendonça, 23 anos, e tinha a intenção de reverter uma laqueadura feita no passado para ter filho com o atual companheiro.

Em um grupo sobre o assunto no Facebook, em junho do ano passado ela diz ter conhecido uma pessoa que a colocou em contato com o casal de Blumenau com a oferta de pagamento pela cirurgia de reversão. Com uma condição: que ela emprestasse o útero.

A mulher de Blumenau teria perdido um feto e acabou precisando retirar o útero, mantendo os ovários. Ela e o marido teriam oferecido para Mônica suporte financeiro durante a gestação, além do pagamento pela cirurgia que restauraria sua capacidade de conceber.

“O problema é que eles não arcaram com o combinado e eu tive uma gestação muito complicada, quase morri. Eu entreguei um laudo para eles [o casal de Blumenau] sobre meus problemas de epilepsia e enxaqueca crônica, mas esse documento não teria sido entregue para o médico que fez a fertilização in vitro”, contou Mônica.

Mônica conta que precisou fazer duas fertilizações. A primeira não teria vingado, pois ela fala que sofreu um acidente de carro dias depois e sofreu um aborto. Em fevereiro, a segunda tentativa inseriu dois fetos, mas complicações fizeram com que ela perdesse um deles.

“O casal de Santa Catarina passou a dizer que estava com dificuldade financeira e só pagavam parte dos médicos que eu precisava, além de R$ 50 por semana para compra de frutas. Eu fui afastada do serviço e eles não complementaram minha renda, como combinado, nem queriam pagar o especialista em gravidez de risco que me foi recomendado”, relata Mônica.

De acordo com ela, médicos que vinham a acompanhando aconselharam interromper a gestação e após a situação se tornar crônica, o casal que havia fornecido espermatozoides e óvulo também teria consentido com o aborto.

A gestante, porém, disse ter assumido os riscos e custos. Conta que passou a comprar enxoval e recorreu ao SUS (Sistema Único de Saúde) para continuar com a gravidez. Quando a criança nasceu, o casal de Blumenau chegou com o mandado para buscá-la.

 

Outro lado

A reportagem entrou em contato com os donos do material genético que deu origem ao bebê gestado por Mônica.

“Jamais foi barriga de aluguel, foi um processo de útero de substituição sem qualquer envolvimento financeiro. Não iremos nos pronunciar, mesmo diante das inverdades contadas por ela. Tais inverdades já foram desmascaradas, devidamente comprovadas em juízo – processo. Nós não queremos mais sofrer. Queremos nos preservar, preservar a vida do nosso filho. Ela [Mônica] foi transferida ou será para um hospital psiquiátrico. O que ela fala não tem fundamento. A Justiça e a verdade foram soberanas e foi feita [Justiça]. O mais importante é nosso filho junto conosco”, disseram.

A reportagem do Marília Notícia procurou o Hospital Materno Infantil para comentar o caso na manhã deste sábado (7), mas não conseguiu retorno.

 

Fonte: Marília Notícia



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