Centro de recuperação em Assis já recebeu 600 animais neste ano

Só neste ano, 600 animais foram socorridos. Em todo o ano passado foram 1,6 mil animais encaminhados para o local, 13% a mais que no ano anterior.


Só neste ano, 600 animais foram socorridos. Em todo o ano passado foram 1,6 mil animais encaminhados para o local, 13% a mais que no ano anterior. Número de animais machucados preocupa especialistas.

 


Quatro filhotes de onça parda seguiam a mãe (Foto: Reprodução)
 

O flagrante de uma família de onça parda atravessando o canavial em Paraguaçu Paulista (SP) chamou a atenção de moradores da cidade.

Foi possível ver a mamãe onça caminhando preocupada na área onde antes havia uma plantação de cana de açúcar em direção à mata fechada. Logo depois vem os quatro filhotinhos, se revelando o motivo da preocupação da fêmea.

A cena, que é muito bonita para quem gosta de animais, revela uma situação preocupante da vida silvestre no interior de São Paulo, segundo especialistas. É o aumento do aparecimento de animais nas áreas urbanas. Centenas deles precisam ser socorridos por ferimentos, a maioria, vítima de atropelamento.

De janeiro até agora, um centro de recuperação de animais silvestres de Assis já recebeu 600 bichos. No ano passado inteiro foram 1,6 mil, cerca de 13% a mais que em 2016, quando 1.410 animais foram socorridos.

Muitos tentam fugir de regiões com canaviais em busca de mata, um lugar que oferece abrigo e alimento, mas pelo caminho encontram trechos rodoviários e ao tentar atravessar acabam atropelados.

 


Centro de recuperação de animais silvestres em Assis já recebeu 600 bichos neste ano (Foto: TV TEM / Reprodução )

 

Reabilitação

Entre os animais socorridos na ONG de Assis tem uma onça de apenas oito meses de vida que não conseguiu fugir com a família de um canavial. Ela foi atropelada por uma colheitadeira em Florínea e agora aprende a se adaptar sem uma das patas.

Já o filhote de veado foi atropelado com a mãe em uma rodovia de Ourinhos. Ela acabou morrendo e ele foi socorrido, mas teve que ser amputado e está difícil se manter em pé em apenas uma das patas.

O biólogo Aguinaldo Marinho de Godoy explica que nesses casos, o retorno à natureza é muito difícil e a tendência é que esses animais se aproximem cada vez mais da área urbana.

“Eles vêm pequenos, debilitados, então tem que alimentar e eles acabam associando o ser humano a comida. Você solta na natureza, ele até sabe sobreviver, mas quando vê um ser humano vão associar a proteção, abrigo, comida, cuidados, e se aproximam da casa, do sítio, às vezes, até das cidades."

 


Veado foi atropelado com a mãe e precisou ser amputado (Foto: TV TEM / Reprodução)

 

Perigo nas rodovias

Apesar dos inúmeros avisos espalhados ao longo da rodovia, poucos motoristas respeitam o limite de velocidade e não conseguem evitar os atropelamentos. Só no ano passado 180 animais silvestres morreram na região de Assis.

“Eles não têm esses corredores ecológicos, de uma área de preservação ambiental para a outra para se locomoverem, então eles ficam expostos, ao atravessaram a rodovia, são atropelados nessas áreas onde existem monoculturas que, às vezes em determinadas áreas, isolam esses corredores ecológicos, impedindo de ir e vir dentro desse habitat”, explica o zootecnista Valter Saia.

Para tentar combater esses números, em alguns trechos das rodovias foram instaladas passagens subterrâneas. E as câmeras de monitoramento flagraram os bichinhos de um lado para outro, são capivaras, tamanduás e até uma família inteira de quatis que aproveitam o novo caminho, livre dos riscos de atropelamento.

 


Passagens subterrâneas foram implantadas na região de Assis (Foto: CART / Divulgação)
 



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