Médico é demitido após denunciar superlotação em hospital de Marília

Hospital das Clínicas nega relação da demissão do profissional com postagem de vídeo nas redes sociais.


Hospital das Clínicas nega relação da demissão do profissional com postagem de vídeo nas redes sociais mostrando pronto-socorro lotado. Conselho Regional de Medicina vai investigar o caso.

Um médico que postou um vídeo na semana passada mostrando a situação de superlotação da ala de pronto-socorro do Hospital das Clínicas (HC) em Marília (SP) foi demitido após a repercussão da denúncia nas redes sociais.O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) foi acionado e diz que vai investigar o caso. Em nota, a Famar, fundação privada que gerencia o HC, negou que a demissão tenha qualquer relação com a divulgação do vídeo.

As imagens foram feitas pelo médico Ricardo Cruz de Rezende Paoliello. Segundo ele, as pessoas que estavam na enfermaria lotada do PS pediram a ele alguma ajuda. Paoliello afirmou ainda que entende a demissão como um fato “normal”. “Naquele dia tinha muitas famílias em sofrimento, me puxando pra pedir ajuda, e entendi que o que eu podia fazer por eles era denunciar aquela situação. Fui demitido porque trabalhava para uma empresa terceirizada que tem o direito de mandar embora o trabalhador quando ela quiser”, disse o médico.

A superlotação no HC de Marília é uma reclamação antiga dos pacientes, mesmo após inauguração de uma nova ala de urgência e emergência em maio do ano passado, quando a estrutura foi triplicada ao custo de R$ 6 milhões.

De acordo com o Sindicato dos Empregados da Saúde de Marília existe uma defasagem de pelo menos 30% no quadro dos funcionários de todo o complexo do qual o HC faz parte. Atualmente, a instituição conta com 2,4 mil funcionários.O Cremesp informa que abriu sindicância e está investigando tanto a conduta do profissional como a situação do hospital. Segundo Leandro Presumido Júnior, delegado da Regional de Marília do Cremesp, todo esse processo deve durar de seis meses a um ano. “Vamos ouvir todas as partes, inclusive pacientes, e a sindicância será analisada por uma plenária que vai definir se houve ilícito ético e qual das partes o cometeu. Também vai determinar eventuais punições, que vão desde uma advertência até o cancelamento do CRM, caso a falha ética tenha sido do médico”, explicou o delegado do Cremesp.

Em nota, o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Marília informou que o pronto-socorro do HC funciona de "porta aberta", atendendo a demanda espontânea de pacientes de toda a região, bem como casos direcionados por demais serviços da rede.

A nota diz ainda que, por ser referência para 62 municípios, “pode ocorrer eventual sobrecarga de demanda no HC”, mas que, “mesmo assim, não há qualquer desassistência”.



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