Meu ódio pelos sapatos de borracha


Era final dos anos 60, eu estudava no primário, não esqueço jamais dos sapatinhos de borracha que eu usava para ir à escola,  sempre com meia ¾, bem bonitinho. Mas tinha um problema, eu DETESTAVA, pois minha mãe me calçava e dizia que estava bom, que era bonitinho, porém, eu tinha vergonha deles. 

Quando era hora de entrarmos para a aula, depois do recreio, me lembro que eu ficava na parte baixa da calçada para esconder o sapato. Não via a hora dele acabar para eu não precisar mais ir à escola com aquele sapato de borracha, queria que ela deixasse eu ir com o sapato de couro, pois o que eu tinha ela deixava eu usar apenas quando ia passear ou à missa.

Quando ele já estava ficando velho, eu pensava comigo: “agora acho que vou conseguir dobrar minha mãe para ela comprar um de couro para ir à escola”. Eu ia de mãos dadas com ela para a sapataria Mendes, que ficava ali perto do Jardim das Cerejeiras, no comecinho da rua Pedro de Toledo. Chegando lá, minha mãe ia direto nos calçados de borracha, eu ficava louco da vida quando era para calçar o novo sapato de borracha.  Não tinha jeito, já saia da sapataria com ele calçado e eu com a cara feia, brigando com ela,  arrastando os bicos dele pelo asfalto para estragar logo, para irritar minha mãe, quando mais ela ficava brava, mais eu corria dela e arrastava o mesmo para estragar. Até que venci. Depois de algum tempo eu ganhei um de couro. Ai ficava todo contente de ir à escola de sapatos de couro, nunca mais passei vergonha na escola, não precisei mais esconde-los dos amigos.


Olha eu aí na foto com meu sapatinho de borracha

 



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