Pacientes continuam internados sem previsão de novas datas
Nelson somente realizou operação após quatro internações frustradas
Foto: Ricardo Prado
Aproximadamente 360 cirurgias eletivas ortopédicas (não emergenciais) foram canceladas no último mês no HC (Hospital das Clinicas) por falta de médicos anestesistas. Pacientes já internados aguardam sem previsão de data para realizar a operação.
O Diário conversou com três pacientes que estão internados no Hospital São Francisco aguardando apenas vaga para operar. Eles confirmaram cancelamentos de cirurgias. Além disso, eles reclamam da falta de transparência nas informações.
O auxiliar de serviços gerais Paulo Henrique Rocha, 23, sofreu acidente há cerca de um mês, já passou por uma cirurgia no fêmur, mas devido a uma infecção no osso terá de novamente ser operado.
Segundo ele, a cirurgia estava agendada para a última terça-feira, dia 25, porém afirma que o procedimento foi suspenso por falta de médico anestesista. “Internei no dia 24, fiquei a terça inteira em jejum e não operei. Agora não tem previsão, tenho dor e fico abandonado aqui”, reclama.
Outra vítima do descaso da saúde pública em Marília é o borracheiro Eder do Carmo Santos, 26. Ele está há mais de seis meses com pinos soltos nas articulações do joelho, problema que além de causar muita dor o impede de trabalhar. Após visita mês passado ao médico ortopedista do Ambulatório Mário Covas teve cirurgia agendada para última segunda (24), mas sem anestesista a operação também foi cancelada.
“Estou com dor porque o pino fica andando dentro do meu joelho, ninguém passa informação, só alegam que é greve de anestesistas”, disse.
PINOS
O autônomo Nelson Pereira de Souza, 55, ficou 36 dias para realizar operação do braço direito, após acidente de carro no dia 17 de setembro. Impossibilitado de trabalhar, foi internado quatro vezes. Segundo ele, numa delas chegou a ser anestesiado, mas na mesa de cirurgia equipe médica constatou que não havia pinos necessários para fazer o procedimento.
Nas outras três ocasiões o motivo alegado foi falta de médico anestesista, que apenas estavam dando prioridades para cirurgias de emergência. Ele foi operado na semana passada. “Agora tenho que esperar 45 dias para tirar o gesso e ver se tudo voltará ao normal”, disse.
A superintendência da Famema, responsável pelo HC, afirma em nota que não há nenhum movimento de greve de médico anestesistas e todos estão trabalhando.
A nota também informa que o problema está ocorrendo devido grande demanda de urgências na especialidade de ortopedia, que chegam à Unidade de Urgência, prejudicando assim a realização das cirurgias eletivas para que a equipe atenda às urgências, que são as prioridades.
A instituição afirma que está planejando abrir mais uma sala cirúrgica para minimizar as suspensões de cirurgias eletivas.
Fonte: Diário de Marília