OPERAÇÃO - Bombeiros iniciam os trabalhos para resgatar o corpo - Foto: Eduardo Marques
O barman Alexandre Castilho, 30, mais conhecido como “Charles”, foi encontrado morto ontem de manhã (3) em um vale na favela da Vila Barros, zona norte da cidade. Ele teria sofrido uma queda de aproximadamente 50 metros, porém moradores da região acusam policiais militares de terem perseguido, matado e jogado o corpo da vítima após uma abordagem.
O encontro foi feito por volta das 11h por moradores próximos ao Itambé, que acionaram a Polícia Militar. O Corpo de Bombeiros foi comunicado e, após mais de duas horas de trabalho e utilizando a técnica de rapel, conseguiram resgatar o corpo.
“Tivemos que montar um grande aparato de equipamentos para realizar essa operação com segurança. Um bombeiro desceu até onde o corpo estava, o amarrou em uma maca e o trouxe para o topo”, explicou o tenente Leandro Corradi.
Segundo apurou o Jornal Diário, no início da madrugada de ontem (3), por volta da 1h, policiais militares tentaram abordar Alexandre na rua Salvador Salgueiro, a principal da favela, mas ele correu e não foi mais visto.
“Ele saiu correndo por um lado e o corpo foi encontrado de outro e isso é muito estranho. Aqui existem vários outros buracos menores que ele poderia ter caído, o que não aconteceu. Além disso, não escutei barulho algum durante toda a madrugada. Tenho certeza que o corpo dele foi arrastado e jogado pelos policiais”, disse uma testemunha que não quis se identificar. Outros dois moradores deram versões idênticas.
Uma equipe da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) esteve na favela e duas testemunhas foram levadas para prestar depoimento sobre o fato.
“Elas disseram que duas viaturas da Polícia Militar teriam feito uma abordagem na vítima e que após ela levantar a camisa mostrando que não tinha nada, fugiu para um terreno em direção ao buracão por ser procurado. Também afirmaram que os policiais deixaram o local e depois retornaram, pararam as viaturas no corredor onde a vítima havia fugido e alguns deles desceram sentido buracão. Mais tarde, retornaram e foram embora, sendo que o corpo foi encontrado pela manhã”, afirma o delegado.
Ainda segundo Souza, as testemunhas afirmaram que não havia mais ninguém na rua e que não ouviram barulho de tiro. “Vamos apurar em que circunstância se deu a queda da vítima e porque os policiais foram embora e depois retornaram”, concluiu.
Já o capitão Celso Marrone Fonseca, da 3ª Cia, confirmou a abordagem e fuga, porém ressaltou que não houve perseguição. “As viaturas foram ao local atender um pedido de apoio do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e não se envolveram mais profundamente no caso”, disse.
Profissionais do IC (Instituto de Criminalística) periciaram o local e devem emitir laudo sobre o caso no prazo de 30 dias. O corpo de Alexandre foi encaminhado ao IML (Instituto Médico-Legal), onde passou por exame de necropsia. A análise acerca da causa da morte só será revelada em cerca de um mês.
Fonte: Diário de Marília