População do Brasil tem menor aumento da história, aponta prévia do Censo

Os recenseadores do IBGE continuam em campo. Quem não foi recenseado, pode ligar para o Disque-Censo (137).



Os recenseadores do IBGE continuam em campo. Quem não foi recenseado, pode ligar para o Disque-Censo (137)

O Brasil tem 208 milhões de habitantes, segundo a prévia do Censo 2022. Em média, a população cresceu apenas 0,7% ao ano desde o último recenseamento, em 2010. É o menor aumento populacional já registrado pelo país — a série histórica começa em 1872.

Os dados refletem a queda no número de nascimentos. Ainda nascem mais pessoas do que morrem no Brasil, mas a diferença é cada vez menor. O resultado é o envelhecimento da população brasileira, o que gera impactos na força de trabalho, na saúde e na previdência. Dentro de uma ou duas décadas, o país deve começar a diminuir.

O que os dados mostram?

  • A população do Brasil subiu de 191 milhões, em 2010, para 208 milhões, em 2022, de acordo com a prévia do Censo;
  • Usando os dados, o UOL calculou que a média anual de crescimento no período foi de 0,7%;
  • Desde o Censo de 1960, a taxa de crescimento vem caindo de forma contínua, mas nunca antes havia sido tão baixa;
  • Os dados oficiais do Censo estão previstos para março, mas a informação de que o crescimento da população brasileira é o menor já registrado não vai mudar -- seria preciso que a população ficasse acima de 219 milhões, o que é impossível considerando todos os cálculos do IBGE;
  • A prévia aponta que a população do Nordeste é a que menos cresceu no país -metade da média nacional. É improvável que esse quadro mude até os resultados finais do Censo, porque a diferença em relação a outras regiões é muito grande. Além disso, o Nordeste é o local do país onde o recenseamento está mais avançado;
  • Um grande número de cidades diminuiu de tamanho. Na prévia do Censo, a proporção chega a 40% dos municípios, mas os dados podem mudar na versão final.

Ricardo Ojima, professor de demografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, afirma que o crescimento da população “vem reduzindo mais do que se. Os imaginava. “Os gestores públicos têm que colocar na cabeça que a população não vai crescer infinitamente", afirmou.

No momento, os adultos representam a maior parte da população brasileira. Futuramente, haverá mais idosos. Os custos com saúde, remédios e previdência vão ser bem maiores.

Por que o crescimento da população está em queda?

  • O fator principal é a queda na taxa de natalidade. Para manter o tamanho da população no longo prazo, é necessário, no mínimo, uma média de 2 filhos por mulher. Em 2010, o número já estava abaixo desse patamar: 1,9. O Censo 2022 deve apresentar um resultado ainda menor;
  • A pandemia de covid-19 contribuiu para que o ritmo de crescimento caísse ainda mais, devido à alta na mortalidade. O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) estima que, entre 2020 e 2022, um milhão de pessoas morreram a mais do que a média dos anos anteriores. Na conta, estão as mortes pela covid-19, mas também as que podem ter ocorrido pela redução dos atendimentos médicos durante a pandemia;
  • Também na pandemia, o número de nascimentos, que já estava em queda, caiu ainda mais -- por motivos comportamentais, como o adiamento da gravidez e o isolamento social;
  • No caso específico do Nordeste, há ainda efeitos da migração para outras regiões. A versão final do Censo vai permitir entender melhor essas dinâmicas demográficas.

Como os dados foram calculados?
A prévia da população municipal em 2022 foi divulgada pelo IBGE em 28 de dezembro, para que o TCU (Tribunal de Contas da União) possa calcular a distribuição do orçamento federal para cada cidade.

A previsão era que os dados já trouxessem o resultado final do Censo 2022. Mas a conclusão do recenseamento foi adiada para o início de 2023. Por isso, o IBGE optou por usar as informações já coletadas pelo Censo (179  milhões de pessoas, o que equivale a 86% do total estimado) e realizar operações estatísticas para calcular o restante.

O resultado é muito mais preciso do que a estimativa populacional do IBGE para 2021, que chegou a 213 milhões de pessoas — feita com base no Censo de 2010, com mais de uma década de defasagem, e sem levar em conta os efeitos da pandemia. Ou seja, a população brasileira não diminuiu de 2021 para 2022. O que ocorre é que os dados de 2022 são melhores, porque são baseados em um Censo atual em fase avançada.

“Divulgamos os dados para atender ao TCU. Esse é o melhor número que temos à mão, baseado em um Censo praticamente concluído. A parte não concluída é mínima. Agora, estamos na corrida para fechar o Censo em janeiro. O Censo vai ser concluído", informou o presidente interino e diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.

Ainda assim, espera-se que os dados mudem até a versão final do Censo 2022. Especialmente nas grandes cidades, onde o levantamento avançou menos que em cidades pequenas.

O dado nacional, por sua vez, deve mudar pouco — estatisticamente, quanto maior o nível de agregação (numa escala que vai do bairro ao país, por exemplo), menos significativas são as mudanças.

“Os dados [das prévias da população de 2022] são muito seguros. As divergências [em relação ao resultado final] devem ser maiores em municípios onde o Censo avançou menos, mas será algo na casa dos milhares", esclarece Ricardo Ojima, professor de demografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Recenseamento deve ser concluído em janeiro
Os recenseadores do IBGE continuam em campo. Quem não foi recenseado, pode ligar para o Disque-Censo (137), de forma gratuita, e agendar um horário para a entrevista.



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