Lar em Ourinhos atende a 23 internos retirados das famílias.
A Justiça interditou o abrigo e lar Santo Antônio, em Ourinhos, SP, que atende a 23 crianças e jovens retirados das famílias. Um relatório entregue ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados do Brasil aponta casos de supostas agressões contra os internos, além de mau uso do dinheiro público.
Um adolescente de 15 anos já vive há cinco deles no lar. O nome do jovem consta em um boletim de ocorrência registrado no dia 9 de março por um dos monitores. Os dois teriam se envolvido em uma briga e o motivo seria o som alto de um celular. O menor alega que foi agredido. "Nós estávamos ouvindo música e estava alto. Ai o monitor chegou e falou para nós abaixar. Ele não queria abaixar. Ele veio e me deu um tapa na minha cara. Peguei um pedaços de pau e fui me defender”, disse o menor.
No boletim de ocorrência consta que durante a briga os internos quebraram vários vidros da instituição. Outro menor, também de 15 anos, que também se envolveu na confusão e teria apanhando do monitor denunciou outros supostos casos de violência dentro do abrigo. "A molecada tem medo de falar. O monitor chega bate em todo mundo e ninguém faz nada. Ele sempre dá tapa na cara e chinela todo mundo. Já tinha um que batia e, agora, tem outro pior”, afirmou.
O lar foi fundado há mais de 60 anos para acolher crianças e adolescentes carentes em situação de risco. Atualmente, 23 menores, com idades entre 5 e 17 anos, moram no abrigo. Com a decisão da Justiça de interditar o lar eles deverão ser transferidos para outras entidades de Ourinhos nos próximos dias.
A confusão envolvendo os menores e um dos monitores é apenas um dos casos citados em um relatório feito pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente da cidade. O levantamento durou um ano e foi entregue a advogados da OAB, para que se investigue o que pode estar acontecendo nestes corredores. O documento, com cerca de 200 páginas, trata de supostas agressões físicas contra os internos, omissão de funcionários além de má gestão de recursos públicos.
“São fatos sérios e graves que tratam de problemas no relacionamento entre os administrados e as crianças, de uma suposta má administração. E que deverão ser analisados com muito carinho para que nenhuma injustiça seja cometida”, informou o presidente da OAB, Fernando Alves Moura.
As denúncias também chegaram ao Ministério Público. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente foi quem pediu a intervenção do lar Santo Antônio. “Dentro outras coisas eles apontam à perda de controle da instituição, a não execução de planos individuais de atendimento, com vista a não inserção dos menores acolhidos de suas famílias e violência. Tudo isso nós apuraremos nesse inquérito civil”, alertou o promotor, Aguilar de Lara Cordeiro.
A direção do abrigo alegou desconhecer as denúncias de violência envolvendo os internos. “Permaneci como presidente da entidade por quatro anos e até o presente momento desconheço qualquer fato. Tudo o que aconteceu dentro da entidade está sendo apurado pelas autoridades que registraram os devidos boletins de ocorrência e com conhecimento do curador da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Ourinhos”, destacou Orlando Paulino Franco Júnior.

23 menores são atendidos no local (Foto: Reprodução TV TEM)

Lar e abrigo Santo Antônio funciona há mais de 60 anos (Foto: Reprodução TV TEM)