Criminosos, que usaram também arma de choque nos moradores, cortaram a cerca elétrica e surpreenderam os moradores pela manhã; adolescente pediu ajuda via rede social
FUGA - Assaltantes fugiram com o carro de um familiar; veículo foi abandonado em fazenda após derrubar porteira - Foto: Paulo Cansini
Uma família foi torturada física e psicologicamente em um assalto à residência praticado por três homens encapuzados ainda não identificados pela polícia logo nas primeiras horas da manhã de ontem (12) no Jardim Riviera, zona oeste da cidade. Por cerca de 30 minutos, as vítimas foram ameaçadas de morte, agredidas com socos e tapas, atingidas por descargas elétricas de uma arma de choque e submetidas à chamada roleta-russa. A ação criminosa só foi interrompida após um familiar ler um pedido de ajuda feito via rede social por um adolescente que se trancou em um cômodo.
Os ladrões agiram por volta das 7h30 na rua Sebastião Mônaco. Assim que a cerca elétrica foi inutilizada, eles escalaram o muro dos fundos e tiveram acesso à área de lazer. Enquanto aguardavam a porta que dá acesso ao interior da casa ser aberta por algum dos moradores desavisados, eles aproveitaram e ingeriram doses de água-ardente - a bebida alcoólica estava no recipiente popularmente conhecido como “pingômetro”.
Minutos depois, a moradora, de 46 anos, ao sair para os fundos, foi surpreendida pelos ladrões. Logo na sequência, os bandidos invadiram a residência e renderam o marido dela, um empresário de 49 anos, assim como um dos filhos do casal, de 24 anos. Uma quarta vítima, também filho do casal de 17 anos, percebeu a presença dos bandidos e, antes de ser pego, ainda teve tempo de postar uma mensagem em uma rede social relatando o assalto e pedindo que chamassem a polícia.
Em seguida, as vítimas também foram amordaçadas. A mulher ficou sob a mira de um revólver. Já o empresário sofreu tortura ainda pior: levou diversos choques, socos e também teve uma arma apontada para a sua cabeça. “Ele (o bandido com o revólver) ficava girando o tambor e apertando o gatilho. Fomos todos torturados. Foi horrível”, disse o empresário, ainda bastante abalado. Ele pediu para não ser identificado.
Enquanto os ladrões reviravam a casa, um dos tios do adolescente, um vendedor também de 49 anos, viu a mensagem e foi conferir. Durante o trajeto, ele tentou entrar em contato com a Polícia Militar, no entanto, segundo ele, sem sucesso. Ao se aproximar da residência, ele logo percebeu a cerca elétrica danificada.
Somente após a fuga dos criminosos que finalmente houve contato com a Polícia Militar. Foi emitido alerta geral para todas as viaturas da cidade e várias diligências foram realizadas, no entanto nenhum suspeito foi preso. No imóvel da família foi apreendida a arma de choque, esquecida pelos ladrões, e os lacres usados.
Já por volta das 10h30, o morador de uma fazenda no distrito de Padre Nóbrega notou que uma porteira estava toda destruída e, ao checar, encontrou o carro roubado abandonado debaixo de uma árvore. A frente do veículo estava danificada, o que sugere que o automóvel tenha derrubado a porteira para invadir a propriedade rural. Do lado de fora do carro, próximo a porta traseira do lado do passageiro, mais um conjunto de lacres foi achado. Ele já estava preparado para imobilizar uma pessoa.
Peritos do IC (Instituto de Criminalística) estiveram no local e, utilizando um pó especial, coletaram diversas impressões digitais das portas e do interior do carro. As evidências serão analisadas e confrontadas com o bando de dados da Polícia Civil. O trabalho técnico foi acompanhado pelo empresário e pelo vendedor.
Existe a suspeita de que os assaltantes possuíam informações acerca da casa e da rotina dos moradores. As vítimas, inclusive, relataram que um dos bandidos tinha a voz conhecida e que ele, durante a ação, chamou o proprietário da casa pelo nome, no entanto elas não souberam identificá-lo.