Pais de assisense com doença rara tentam mobilizar pesquisadores



Kawan, de 13 anos, tem mucopolissacaridose tipo 4B, que afeta os ossos. 

Kawan Furlan, de 13 anos, sofre de uma doença degenerativa rara e que ainda não possui tratamento: a mucopolissacaridose tipo 4B, conhecida por síndrome do mosquito B. Ele mora com os pais em Assis e desde os 8 anos apresenta dificuldade para andar, além de dores nas articulações lombares e diminuição da força muscular. Os pais do jovem, José Roberto e Mara Lúcia de Souza Furlan, fazem uma mobilização nas redes sociais para divulgar a doença e tentar despertar pesquisadores sobre o assunto.

A residente do ambulatório de genética do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Maria Lucia Castro Moreira – que integra a equipe do médico Carlos Magno Leprevost, responsável pelo último relatório sobre o quadro clínico do adolescente, emitido em março deste ano –, explicou que o tipo 4B da doença não tem pesquisa em andamento.

“Kawan apresenta deformidade óssea na bacia e coluna por causa da diminuição da atividade enzimática. Fizemos vários exames para detectar a doença. O quadro clínico é progressivo. No entanto, ao contrário de outros tipos de mucopolissacaridose, a do tipo que Kawan tem não afeta a parte neurológica e a inteligência dos portadores. No Brasil, acreditamos que apenas outras nove pessoas têm a doença. A do tipo 4A está em fase de pesquisa e foi aprovado, mas não existe pesquisa em andamento sobre a do tipo 4B”, informou. O caso de Kawan é progressivo. Ele tem várias limitações físicas e já apresenta o baço aumentado, pedras na vesícula, hérnia de disco, desgaste no fêmur e dificuldade para andar.

Segundo a residente, a única alternativa para minimizar o avanço rápido da doença em Kawan é mantê-lo com acompanhamento de especialistas de outras áreas. “Ele precisa sempre ter acompanhamento de cardiologista e de todos os especialistas, como fisioterapeuta, psicólogo, ortopedista. É uma doença sistêmica, porém, afeta outros órgãos”, informou.

O jovem estuda na oitava série do ensino fundamental em uma escola pública de Assis. E desde a descoberta da doença, a família busca superar as dificuldades. “A doença foi confirmada em agosto do ano passado, mas depois dos 8 anos ele começou a ter problemas nos ossos. No entanto, percebemos que desde os 2 anos de idade ele já tinha os pezinhos tortos, mas não imaginamos que poderia ser essa doença. É difícil ver ele a cada dia que passa perdendo os movimentos. A gente não pode fazer nada. Kawan já está com várias limitações. Ele adorava jogar futebol, mas foi proibido pelo médico de praticar qualquer esporte. Hoje ele não tem tanta firmeza e não consegue amarrar o tênis sozinho. Meu filho é muito inteligente. O passatempo preferido dele agora é o videogame, que joga com alguns amigos da escola”, disse a mãe.

O pai de Kawan também ressaltou que a intenção é promover o estudo da doença. “Não estamos precisando de dinheiro. Queremos divulgar para ver se alguém começa a pesquisar. Só quando acontece com a vida da gente é que a começamos a ir atrás. Queremos lutar para divulgar."

A mãe de Kawan espera poder ver o filho curado da doença e faz o possível para manter o sorriso no rosto do adolescente.

“Ele tem que tocar a vida e a gente também. Não sei o quanto tempo de vida ele vai ter. A tendência é piorar e chegar a usar uma cadeira de rodas. Por isso, tenho que fazer a cada dia o melhor. Mas tenho esperança que tenha tratamento dentro de algum tempo”, enfatizou.

Enquanto os pais aguardam um tratamento para doença, o adolescente continua sendo acompanhado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Ele deverá ter nova consulta no começo de junho. (Fonte: globo.com/g1)



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