Homem é linchado, casa incendiada e família com medo foge de bairro em Marília


 

Vítima é deficiente físico que, segundo moradores, teria matado menina

 

O montador Cirso Fernando Guilherme, 47, foi linchado e teve a casa destruída e incendiada por moradores do bairro Santa Antonieta após ser acusado pela própria vizinhança de assassinar a jovem Thais Alves Costa, 14, encontrada morta algumas horas antes.

A menina estava desaparecida havia onze dias e foi localizada em um córrego da Estância São Francisco, zona norte, nua.

A mãe do montador e os dois filhos adolescentes de Cirso Guilherme tiveram de deixar o bairro ontem pela manhã.

O ATAQUE

Eram cerca de 21h30 quando grupo de moradores invadiu a casa do montador, o arrastou até a rua começando o espancamento com telhas, tijolos na cabeça da vítima, que também levou uma facada.

O crime ocorreu em frente à casa do montador na rua Bento de Abreu Filho, acompanhado por uma multidão.

Policiais militares foram chamados e encontraram Cirso já inconsciente no meio da rua. Socorrido pelo Samu, ele foi levado ao Hospital das Clínicas com ferimentos graves na cabeça.

Ontem, segundo a assessoria de imprensa do hospital, o quadro clínico do montador era estável.

Logo após a saída da polícia do local, vizinhos destruíram a casa do montador e ainda atearam fogo. Depois, depredaram a casa da mãe dele, a dona de casa Conceição Dolores Guilherme. O Corpo de Bombeiros foi acionado e rapidamente controlou as chamas.

Ela e os dois filhos de Cirso deixaram o bairro com medo de mais retaliações. A polícia afirma ter tido contato com um dos garotos ontem de manhã, que eles estão bem, mas não revela o paradeiro.

“É um monstro”, desabafa mãe da jovem

Abalada pela perda da filha, a dona de casa Claudinete Alves, 42, recebeu a reportagem do Diário na manhã de ontem em sua casa. Sentada no sofá da sala do imóvel de cinco cômodos, ela falou que espera Justiça.

Ainda confusa com a sequencia de fatos - entre desaparecimento da filha, o encontro do corpo e o linchamento do montador por moradores do bairro -, ela afirmou que a filha dificilmente saía de casa e acredita ter sido vítima de assassinato.

“Todos sabiam que a minha filha sofria com problemas mentais. Quem fez isso com ela não é uma pessoa, é um monstro”, desabafou. Claudinete tem mais uma filha, que acompanhou a entrevista, e um outro garoto mais novo.

Linchado pode ser inocente, diz polícia

Para o delegado Aéliton Roberto de Souza, o montador Cirso Fernando Guilherme, 47, praticamente linchado na noite de quinta por vizinhos da vítima não tem ligações com o sumiço e consequente morte da adolescente Thais Alves Costa, 14.

“Acredito que ele foi usado como bode espiatório neste caso. Ouvimos algumas pessoas e o que nos foi dito é que as agressões aconteceram por ele ter desligado uma ligação clandestina de energia elétrica”, disse.

Ainda segundo Souza, há outro indício que afasta a participação de Cirso em um suposto assassinado: ele tem problemas de locomoção. “Ele pouco sai de casa e, pelas suas condições físicas, tenho muitas dúvidas se ele conseguiria ir tão longe”.

O delegado disse ainda que os autores da agressão ao montador já estão próximos de serem descobertos e presos.

Laudo preliminar descarta violência

Laudo preliminar realizado pelo IML (Instituto Médico-Legal) de Marília não relata fraturas ou lesões no corpo da adolescente Thais Alves Costa, 14, encontrada morta anteontem após 11 dias desaparecida. Análise mais apurada deve ser emitida em 30 dias.

“Tive uma breve conversa com o médico-legista, que se disse até surpreendido pela ausência de sinais de violência”, informou o delegado titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Aéliton Roberto de Souza.

Souza ainda diz que a hipótese de homicídio ainda não pode ser descartada nem de morte natural.

“Trabalhamos com todas as hipóteses, como ela ter ido até o local se refrescar, quando sofreu um acidente ou até se sentiu mal. Tudo ainda é muito prematuro”, concluiu.

 

Fonte: www.diariodemarilia.com.br

 



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