Ministério descredenciou serviços de radioterapia e quimioterapia no Hospital Regional de Assis, mas Secretaria de Saúde diz serviço será custeado com recursos do tesouro estadual.
Santa Casa de Ourinhos passa a atender pacientes com câncer (Foto: Reprodução/TV TEM)
O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (29) o credenciamento da Santa Casa de Ourinhos para tratamento de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida traz alívio para pacientes que precisam viajar quase 200 quilômetros para fazer radioterapia em Jaú. Mas para tomar essa medida, o Ministério da Saúde descredenciou esses serviços que eram feitos no Hospital Regional de Assis.
A aposentada Angelina de Lima está com câncer de mama. No ano passado fez quimioterapia, passou por cirurgia, e só faltava a radioterapia, mas foram cinco meses esperando na fila e pior aconteceu, a doença voltou. A aposentada de 74 anos teve que recomeçar do zero. “Quando eles tiraram os pontos já tinham que ter começado a radio e não começaram. O pior é a dor, porque dói.”
A trabalhadora rural Rosana Aparecida de Souza está em situação parecida. Ela também está tratando câncer de mama e já fez quimioterapia, cirurgia, a acabou de entrar na fila de espera para fazer radioterapia, mas sem saber quando as sessões vão começar, ela vive a angústia da espera. “Eu fico preocupada, quero que termine logo, fica aquela angústia.”
Quando chegar a vez dela, ela vai ter que viajar 200 quilômetros de Ibirarema até Jaú no Hospital Amaral Carvalho, lugar mais perto onde o serviço é oferecido pelo SUS. “A gente levanta às 2 horas da manhã, sai daqui às 3h. Chega lá às 5h para enfrentar fila e pegar senha. Volta às 17h, 18h”, conta Rosana.
Para atender esses pacientes pela rede pública, a Santa Casa de Ourinhos, que é uma entidade filantrópica, fez investimentos de R$ 10 milhões e tem pedido desde 2011 o credenciamento da unidade ao Ministério da Saúde, que é uma espécie de autorização que garante também dinheiro para os serviços. Tudo foi pago com recursos próprios. A capacidade de atendimento é de até 120 pacientes por dia, mas atualmente 15 são atendidos por meio de convênio médico e particular.
“Toda a estrutura montada para atender os pacientes de rádio e quimio que estão na fila de espera. É uma agonia grande para nós e para eles você ter a estrutura preparada e montada podendo já executar todos os tratamentos possíveis em oncologia’, diz o responsável técnico do departamento de oncologia Norberto de Souza Paes.
Mas se a decisão resolve o problema dos pacientes de Ourinhos, por outro lado, traz preocupação aos pacientes que fazem o tratamento no Hospital Regional de Assis. É que a publicação descredencia o hospital para oferecer os serviços.
Na unidade é oferecido o serviço de quimioterapia, onde a aposentada Natália Cibele Castro, de 76 anos, percorre 25 quilômetros de Tarumã para fazer tratamento contra o câncer de mama em Assis. Se tiver que ir para Ourinhos serão 96 quilômetros de viagem. Se for para Jaú, a distância será ainda maior: 260 quilômetros. Ela está preocupada a situação. “Aqui não pode fechar não. Eu mesma não tenho condição de sair daqui para ir para outro lugar.”
O Ministério da Saúde informou que a Santa Casa de Ourinhos pode começar a atender pacientes via SUS a partir desta quarta-feira. Sobre o descredenciamento de Assis, o Ministério esclareceu que atendeu uma solicitação da Secretaria Estadual de Saúde e de uma comissão bipartite, que compreende as secretarias municipais de saúde da região, entre elas a própria Secretaria Municipal de Saúde de Assis.
Em nota, A Secretaria Estadual de Saúde afirma que o Hospital Regional de Assis não irá paralisar os atendimentos oncológicos. O serviço será custeado com recurso do tesouro estadual. O estado garante que nenhum paciente da região ficará sem assistência.
Fonte: G1 Bauru Marília