Vítima deu entrada no posto do Santa Antonieta com falta de ar e dor de cabeça
Paulo deixa mulher e dois filhos - Foto: Arquivo pessoal
Dor e revolta. Amigos e familiares do motorista Paulo Silas Pereira da Silva, 44, que morreu domingo à tarde após aguardar por mais de quatro horas na sala de espera do PA Santa Antonieta criticaram o caos da saúde pública.
A irmã da vítima, Ruth Ester Pereira da Silva, acredita que o desfecho da história poderia ter sido outro caso Paulo tivesse sido atendido com agilidade. “Talvez ele não sobrevivesse, mas vamos ficar agora com o sentimento de que houve uma omissão que pode ter sido determinante para sua morte”, desabafou.
Todo o problema se iniciou na madrugada de sábado, quando o SAMU foi acionado por familiares, com o motorista relatando fortes dores de cabeça e falta de ar. Ele deu a primeira entrada no pronto-atendimento perto das 3h20 da madrugada com hipertensão, sendo medicado e liberado.
Na manhã de domingo os sintomas reapareceram e as 10h30 ele retornou ao PA Santa Antonieta. Após mais de quatro horas esperando, o paciente faleceu, por volta das 15h, em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), segundo consta no atestado de óbito.
“Isso quer dizer que esse AVC teve início um dia antes e eles simplesmente mandaram o Paulo de volta para casa”, afirma a irmã.
O sepultamento ocorreu ontem às 15h. O motorista deixa esposa e dois filhos. Muito abalada a família não quis registrar boletim de ocorrência por suposta negligência médica.
Ontem à tarde Diário esteve tanto no PA Santa Antonieta e no PA São Francisco e constatou longas filas de espera. Entre os pacientes, a atendente de escola Regiane Francisco também teve que esperar por quatro horas para conseguir uma consulta para o filho Pedro Henrique, 4.
“É um absurdo deixar uma criança sofrendo por tanto tempo com dores no estomago. A gente espera, mas é difícil acreditar que essa situação melhore algum dia”.
Em nota, a secretaria municipal da Saúde se restringe a detalhar o cronograma de atendimento ao paciente e avalia que todos os procedimentos necessários foram tomados.
Enfermeira aguarda internação há 8 meses
A morosidade no serviço prestado pela rede municipal de saúde também vem se transformando em sofrimento para a família da enfermeira Maria Aparecida Furtado. Desde outubro ela tenta internação para tratamento de uma inflamação nos gânglios linfáticos.
O que começou com um inchaço na perna direita avançou, atingiu também a outra perna e agora Maria Aparecida não consegue mais andar. E para piorar, as dores aumentaram na manhã de ontem e para conseguir chegar ao PA São Francisco ela teve que aguardar por mais de três horas por uma ambulância.
“O que eu só peço é um tratamento digno. Mas o que vem acontecendo é que um passa o problema para o outro e não consigo tratar da minha doença”, diz a enfermeira.
O filho, Alexandre Furtado, teme pela piora no quadro da mãe. “Será que é preciso acontecer o pior para alguém prestar atenção no nosso caso?”, questiona.
Fonte: Jornal Diário de Marília