Justiça de Marília absolve garota que matou o pai após surto psicótico

O juiz apontou que a adolescente tem “grave perturbação de saúde mental” e determinou que ela prossiga em tratamento ambulatorial até que complete 21 anos.



Aloísio Tassara foi morto em agosto de 2019 (Foto: Arquivo Pessoal)

A Justiça absolveu a filha de Aloísio Tassara, apontada como autora do crime que matou o dentista, em agosto de 2019.

A decisão foi publicada no Diário Oficial da Justiça no último dia 9 de março e é assinada pelo juiz da Vara da Infância e Juventude, José Roberto Nogueira Nascimento. O crime aconteceu quando a autora ainda era menor de idade.

O caso corre em segredo de Justiça, mas o Marília Notícia obteve a informação de que a decisão do magistrado também absolve a jovem da tentativa de homicídio contra a mãe.

O juiz apontou que a adolescente tem “grave perturbação de saúde mental” e determinou que ela prossiga em tratamento ambulatorial até que complete 21 anos.

Durante este período, deverá ser apresentado, a cada trimestre, comprovante de acompanhamento médico psiquiátrico e medicamentos pelos quais ela esteja sendo submetida.

Vale lembrar que, em 10 de novembro de 2020, a jovem passou por um exame de sanidade mental após pedido da própria defesa. A intenção era constatar se no momento em que ocorreram os fatos, ela tinha discernimento para entender a gravidade da situação.

Procedimento

O procedimento que foi instaurado para apurar o assassinato do dentista, foi concluído pela Polícia Civil em 2 de outubro de 2019.

Foram ouvidas 19 pessoas e somente em 1º de outubro daquele ano a jovem prestou depoimento ao delegado Valdir Tramontini, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) na época. O depoimento aconteceu no Hospital das Clínicas, onde ela estava internada por ordem judicial, e demorou pouco mais de uma hora.

Na ocasião, o delegado da DIG concedeu uma entrevista ao Marília Notícia.

“Ela relatou todos os fatos, afirmou que se recordava de todos eles e falou de forma detalhada o que teria ocorrido. Eu já recebi os laudos médicos, os laudos de exame de corpo delito, o laudo pericial local e esse procedimento que envolve a adolescente. Encaminhei o relatório para a Vara da Infância e Juventude informando o que até então foi apurado. O procedimento agora está com vistas ao Ministério Público para decisão”, disse Tramontini.

Também na época, o advogado de defesa da adolescente afirmou que o caso era uma tragédia familiar e que a menina já vinha passando por problemas de ordem psiquiátrica, sendo que inclusive passaria por uma consulta médica na data dos fatos.

“Eu afirmo que a própria declaração do Delegado Seccional, lá no primeiro dia, é o que realmente aconteceu. E reafirmo que foi uma tragédia familiar. Ela já vinha passando por alguns problemas de ordem psiquiátrica. Inclusive no dia dos fatos estava com uma consulta pré-agendada com um profissional. Ela vinha fazendo acompanhamento com um e ia consultar outro. Infelizmente aconteceu isso. Ela está abatida por toda essa situação. Ainda está internada, não existe uma previsão de alta. Foi realmente um surto”.

Dinheiro

Tanto o delegado quanto o advogado da família afirmaram que o dinheiro encontrado com o dentista na data do crime não tinha ligação com os fatos.

“O dinheiro era de origem lícita, fruto do trabalho dele. Ele já tinha essa tática de estar com dinheiro. Estava com alguns problemas financeiros, mas não tem nada de ilícito nessa situação”, disse o advogado.

Para o delegado da DIG, “ele há mais de ano andava com esse dinheiro para cima e para baixo. Era uma coisa costumeira dele. Inclusive ele tinha uma pochete. Um fato que era de conhecimento de toda a família e até de funcionárias de seu consultório. O dinheiro não tem nada a ver com o que aconteceu na casa”.

O crime

Segundo informações divulgadas pela Polícia Militar no dia do crime (23 de agosto de 2019), a adolescente, durante um surto, golpeou o peito do próprio pai com uma faca.

Tassara estava tentando contê-la durante o surto e não resistiu após receber a facada. O Samu foi acionado, mas ao chegar ao endereço nada pôde fazer, constatando apenas o óbito.

O MN apurou na época que a primeira equipe da PM a chegar no local, encontrou a esposa da vítima desesperada, gritando por socorro e pedindo aos policiais que salvassem seu marido.

A garota foi encontrada pelos militares no telhado da vizinha, agarrada na chaminé, com outra faca na mão. Após muita conversa, os policiais teriam conseguido fazer com que ela descesse do local.

Ainda de acordo com o apurado pela reportagem, a jovem estava mentalmente desequilibrada e foi levada sedada até o Hospital das Clínicas, onde passou por atendimento médico.
 



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