Os cassinos paulistas e cariocas que fizeram história até serem proibidos

Pauta voltou ao debate social com projeto de liberação em trâmite no Congresso Nacional.


Entusiasta da liberação dos jogos de azar no Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), montou um Grupo de Trabalho na Casa para atualizar o Marco Regulatório dos Jogos, texto da década de 1990 que versa sobre as regras para os jogos de azar no país. A ideia é possibilitar a atuação de sites de apostas esportivas, que oferecem bonus apostas, e também dos cassinos, alguns deles integrados a hotéis e resorts de luxo. 

O tema não agrada a todos, mas tem contado com o apoio de figuras importantes dentro do Parlamento e também na esfera do governo federal. Uma delas é o ministro do Turismo, Gilson Machado, que acredita que a proposta poderá impulsionar a presença de estrangeiros no país. Por outro lado, há quem acredite que a prática seja maléfica para a sociedade, como a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves.

Essa disputa reedita um cenário já visto na sociedade brasileiro há 80 anos. Na década de 1940, os jogos de azar foram proibidos, em um período conhecido como o auge da prática no país, com o funcionamento de mais de 70 casas de apostas no país no Brasil, em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 

A proibição veio em 1946, por decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra. Reportagens da época mostram que o presidente teria sido influenciado por sua esposa na decisão, Dona Santinha, que era contrária aos jogos de azar no país. Desde então, a prática não voltou a ser liberada, e os cassinos da época tiveram destinos variados. Historiadores afirmam que Dutra queria preservar a moral e os bons costumes

Um dos estabelecimentos afetados foi o Cassino Paulista, localizado na antiga ladeira São João, no centro da cidade de São Paulo e um dos endereços mais icônicos da metrópole. O local foi inaugurado em 1901 e era badalado, com presença massiva de jovens paulistanos endinheirados. O local recebia shows de artistas populares e exposições de artes, além de garantir uma boa noite de jogatinas. 

Em 1914, o prédio sofreu um grande incêndio ao lado do Bijou Café e Bijou Theatre, e os três prédios tiveram que ser demolidos. No lugar foi erguido o Cinema Central, que hoje funciona a Delegacia Fiscal.

No Rio de Janeiro, alguns cassinos dominavam a cena. Um dos mais famosos na época, o cassino da Urca foi construído originalmente para ser um hotel. Posteriormente, recebeu exposições internacionais de arte e, em 1933, tornou-se Cassino. Além das jogatinas, funcionava como casa noturna, onde Carmen Miranda se apresentou na trajetória até o estrelato. 

Seu auge se deu entre os anos de 1939 e 1941 e se tornou um dos mais importantes cassinos do mundo. Após a proibição dos cassinos, o prédio foi utilizado como uma das unidades da TV TUPI, até meados da década de 1980, e depois foi alugado para uma escola de Design, em 2014. 

Outro importante cassino carioca estava sediado no hotel Copacabana Palace, um dos mais famosos do mundo. Carmen Miranda também chegou a se apresentar no local e foi lá que Walt Disney recebeu inspiração para criar o personagem Zé Carioca, que mais tarde faria sucesso entre os personagens da Disney a ganhar fama mundial. 

No litoral sul paulista, na cidade de Santos, destaque para o cassino Monte Serrat,  inaugurado em 1927. Com amplos salões e inaugurado sob a égide de ser um dos lugares mais badalados da alta sociedade paulista, o lugar foi palco de celebrações que extrapolavam os limites do estado. Atualmente, o Monte Serrat ainda funciona, porém como uma empresa familiar que atua nos ramos do turismo.
 



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