Atleta de Paraguaçu é vítima de racismo e homofobia em transmissão de jogo

Jhonata Pontes, no centro da imagem ao lado dos colegas de time de Paraguaçu, diz que as pessoas precisam aprender que não há mais espaço para o preconceito e o racismo, internet não é terra sem lei.



Jhonata Pontes, no centro da imagem ao lado dos colegas de time de Paraguaçu, diz que "as pessoas 
precisam aprender que não há mais espaço para o preconceito e o racismo, internet não é terra sem lei" 

Na última sexta-feira (21), um atleta da equipe masculina de Voleibol, representando Paraguaçu Paulista, sofreu insultos com termos homofóbicos e injúria racial enquanto participava da fase sub-regional do 38º Jogos Abertos da Juventude, organizado e dirigido pela Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo.

O jogo era realizado em Tarumã, em partida envolvendo as cidades de Paraguaçu Paulista x Assis e era transmitido ao vivo nas redes sociais.

O Departamento Municipal de Esporte e Lazer de Paraguaçu Paulista repudiou "veementemente" os insultos homofóbicos e a injúria racial pelo qual o jogador paraguaçuense da equipe de Vôlei sofreu por parte de um atleta vinculado à AVA (Associação Vôlei Assis). 

Em Nota de Repúdio, o Departamento de Esportes fez a seguinte declaração:

“Não cabe nos dias atuais e nem em tempo algum, atos nocivos e abjetos como os ocorridos nesta manhã durante o jogo. A Prefeitura acionará seu Departamento de Assuntos Jurídicos e abrirá um Boletim de Ocorrência, para dar prosseguimento nesse fato, para que situações como está não se repitam jamais. Estamos participando de uma competição chamada Jogos Abertos da Juventude, organizada pela Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo, temos obrigação de educar e disciplinar nossos jovens e o esporte é a principal ferramenta para que isso seja feito, não podemos deixar passar um ato de tamanha gravidade, caso contrário, perderemos todo o sentido e a legitimidade da competição”, 

O Departamento de Esporte e Lazer de Paraguaçu Paulista destacou que se solidariza com o atleta ofendido e tomará as medidas cabíveis para que casos como este não passem impunes, cível e criminalmente, com total apoio do Departamento Jurídico do município.

A AVA – Associação Vôlei Assis também emitiu uma nota onde declarou que identificou o menor que proferiu palavras ofensivas e afastou o mesmo da Associação.

“A Associação Vôlei Assis lamenta profundamente o ocorrido, haja vista não compactuar com qualquer tipo de preconceito, seja ele de cunho sexual, racial ou religioso, protestando sempre pelo maior respeito entre as pessoas”, declarou.

O que aconteceu

O caso foi registrado durante a 38ª edição Jogos da Juventude, na partida entre Paraguaçu Paulista e Assis. Um membro da equipe de Assis fez comentários pejorativos sobre levantador do time adversário.

Em um determinado momento do vídeo, um membro da equipe inicia uma série de comentários ofensivos contra Jhonata Pontes, levantador do time de Paraguaçu Paulista, referindo-se à vítima no gênero feminino, em falas que também têm caráter homofóbico.

"Feia horrorosa, o que aquela preta tá fazendo? Preta feia", disse o jogador em meio à transmissão no Instagram.

Na sequência, o membro da equipe de Assis continua com as ofensas contra o adversário, com comentários pejorativos sobre características fenotípicas da vítima: "Não gosto dela, deixa ela, se eu pegar o cabelo dela, eu arranco tudo, cabelo duro".

Jhonata revelou que ficou sabendo das ofensas assim que saiu da quadra. Segundo ele, as falas, além de gerarem indignação, também trouxeram tristeza pela hostilidade em meio a um ambiente que sempre foi acolhedor para ele.

"No vôlei, encontrei refúgio para fugir de todos os problemas. Dentro da quadra, encontrei uma família e amigos para superar meus problemas. Receber tais palavras da forma que foi me entristece porque chega a ser duvidosa a evolução do ser humano. As pessoas precisam aprender que não há mais espaço para o preconceito e o racismo, internet não é terra sem lei", pontua.

Após a repercussão do caso, o vídeo foi apagado das redes sociais. O caso foi registrado como injúria racial e segue para investigação da Polícia Civil.



i7 Notícias
-->