Izabella Rodrigues da Silva, acusada de envolvimento na morte do próprio filho, aguarda realização de exame de insanidade mental; laudo foi requerido pela defesa e pelo Ministério Público após surto psicótico da jovem durante audiência de instrução e julgamento
A acusada de envolvimento na morte do próprio filho, em Santo Anastácio, Izabella Rodrigues da Silva, de 24 anos, aguarda o agendamento de data para realização de um exame de insanidade mental, na Penitenciária Feminina de Tremembé, onde está detida.
O procedimento foi requerido pela defesa, representada pelo advogado criminalista Sidney Araújo dos Santos, e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) após um surto psicótico da jovem no momento de prestar depoimento ao Poder Judiciário, no último dia 1º de novembro.
Ao g1, o advogado informou que um novo interrogatório somente poderá ser iniciado depois de a jovem ser submetida ao exame, feito pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc).
“O exame vai determinar se ela tem problemas psiquiátricos e, ao tempo do crime, se ela tinha consciência do que estava fazendo. Se constatar que ela não tinha consciência do crime, ela será absolvida”, observou.
Ainda não há uma data prevista para a realização do exame, segundo a defesa, motivo pelo qual a investigada permanece detida em Tremembé, “em virtude deste presídio ter mais profissionais na área da psiquiatria forense e acomodar detentas com o perfil do tipo de crime em que ela está sendo acusada”.
Corpo de João Pedro Esteves Rodrigues da Silva, de apenas cinco anos, foi encontrado em um córrego na zona rural de Santo Anastácio — Foto: Reprodução/Facebook e Polícia Ambiental
O caso
O corpo João Pedro Esteves Rodrigues da Silva, de apenas cinco anos, foi encontrado em um riacho conhecido popularmente como Córrego da Figueira, em uma propriedade privada na zona rural da cidade, no dia 10 de agosto, após dois dias de buscas.
Efetivos das polícias Ambiental, Civil e Militar realizaram as buscas junto com o Corpo de Bombeiros.
Equipamentos de drones e o Helicóptero Águia da PM também sobrevoaram pelo local para auxiliar na localização do garoto.
De acordo com o capitão João Henrique Papoti, do Corpo de Bombeiros, a mãe do menino mudou algumas vezes as versões dadas ao caso e, em uma delas, disse ter jogado a criança em uma lagoa.
No dia do desaparecimento, a mulher teria voltado para casa sem roupas e enrolada em um tapete. Na época, os bombeiros afirmaram que ela tomava medicamentos para depressão e ansiedade.
Por determinação judicial, após a concordância do MPE-SP, Izabella foi presa por um prazo inicial de 30 dias, que foi prorrogado pelo mesmo período.
Homicídio qualificado
No início de outubro, a Justiça decretou a prisão preventiva da jovem, após a conclusão do inquérito policial que indiciou a mãe por homicídio triplamente qualificado contra o filho.
O delegado responsável pelas investigações, Wanderley Campione, informou que as qualificadoras do crime foram:
- motivo fútil;
- meio cruel; e
- impossibilidade de defesa da vítima.
Campione ainda ressaltou que haveria causa de aumento de até dois terços da pena cumprida pela indiciada em razão de a vítima ser filha da suposta autora do crime.
O inquérito policial foi remetido ao Juízo da Comarca de Santo Anastácio, ocasião em que a Polícia Civil representou pela prisão preventiva de Izabella Rodrigues da Silva, que foi deferida pela Justiça.
Surto psicótico
Na última tentativa de ouvir o depoimento da acusada, durante a audiência de instrução e julgamento realizada no Fórum da Comarca de Santo Anastácio, em 1º de novembro, a jovem sofreu um surto psicótico e não teve condições de ser interrogada. Na época, o advogado informou que o MPE-SP e a própria defesa requereram uma nova data para dar continuidade à audiência.
“Somente ela pode prestar esclarecimentos sobre o que aconteceu, se ela matou o filho e como o matou. Só ela poderá explicar a dinâmica e, hoje, ela não estava em condições”, relatou.
A defesa ainda pontuou que “os documentos processuais que afirmam a autoria de Izabella da Silva no crime, indiciando-a por homicídio triplamente qualificado, não são idôneos”, uma vez que “não há indícios que apontem a jovem como autora, pois a criança morreu por asfixia, isto é, afogamento”.
Foi relatado ainda que a defesa, inclusive, fez uma investigação particular e, mesmo assim, não foi possível comprovar que houve um homicídio e, sobretudo, que Izabella da Silva tenha sido autora dele.
No dia da audiência de instrução e julgamento, o exame de insanidade mental foi solicitado para a jovem, visto que “desde 2013, ela faz tratamento psicológico em Santo Anastácio, mas só foi assistida por um psiquiatra quando foi detida na Penitenciária Feminina de Pirajuí”, para onde foi transferida após a prisão temporária em Tupi Paulista e em Franco da Rocha.