HC de Marília tem dificuldade em atender até casos de emergência


Em crise financeira, o Hospital das Clínicas, mantido pela Famema (Faculdade de Medicina de Marília), tem apresentado dificuldades inclusive para atender casos de emergência. Esta semana diversos pacientes que buscaram auxílio no setor de ortopedia tiveram alta, mesmo constatadas fraturas sérias durante consulta médica, sob alegação de falta de recursos para realizar as cirurgias.

É o caso do representante comercial Fernando Júnior Toneti. A intervenção para reparar a fratura exposta em seu braço esquerdo estava marcada para ser realizada no HC na última terça-feira (26), mesmo dia do acidente de moto que sofreu na rua de sua casa. 

Contudo, devido a outros casos de urgência o rapaz foi liberado e recebeu um encaminhamento para a Santa Casa de Misericórdia de Marília, onde realizou exames, mas por falta de leito sua cirurgia foi adiada novamente. Até agora, o representante comercial gastou cerca de R$ 200 com remédios que não ajudam a cessar a dor.

“Não consigo uma vaga pelo SUS para fazer a cirurgia de reparação da fratura exposta do meu braço e corro o risco de contrair uma infecção”, reclama Toneti.

O Complexo Famema ainda sobrevive sem o repasse dos termos aditivos, cerca de R$ 4 milhões/mês, e faz malabarismo com o orçamento mensal de R$ 3,6 milhões vindos do Governo do Estado para realizar os 2.900 atendimentos de urgência e emergência previstos no teto SUS.

Segundo o diretor administrativo Gilson Caleman, todo mês esses procedimentos totalizam entre 12 e 15 mil pessoas, uma média de 400 a 500 por dia. “Esse excedente é proveniente do atendimento da rede básica de saúde do município que também se encontra deficitário e no final da cadeia acaba caindo no nosso pronto socorro”, disse.

Situação também prejudica a técnica em segurança do trabalho Edna Maria Maximiano, 37, que permanece em casa com fratura na mandíbula após ser atendida na mesma terça-feira pelo HC, medicada e liberada, sem um encaminhamento para a realização de uma cirurgia reconstrutora.

“Após o médico ter visto a radiografia, disse que eu precisava urgente de uma cirurgia com duas placas de platina, mas fui informada que o hospital não possuía material para o procedimento”, disse Edna, que está com grandes dificuldades para falar.

A técnica relatou ainda as condições em que foi atendida no HC, demonstrando a falta de material adequado para os procedimentos. “As luvas que a médica usava eram muito grandes e a agulha que utilizou para suturar meus cortes era duas vezes maior que o tamanho certo para o local, segundo ela mesmo disse para mim”.

 

 


Toneti foi mandado para casa com uma fratura exposta no braço. Está gastando R$ 200 em medicamentos para amenizar a dor
Foto: Ricardo Prado

 

Fonte: Diário de Marília



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