Esquadrão anti-bombas veio de São Paulo realizar a detonação; Polícia Militar descarta ligação com ataques

Uma falsa bomba deixada ao lado do muro da escola Amilcare Mattei, próximo à sede da 5ª Companhia da Polícia Militar, fez com que o esquadrão anti-bombas da corporação, o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), viesse de São Paulo para a cidade ontem (21). Foram mais de 12 horas de alerta total desde a descoberta até o artefato, que estava recheado de areia, ser detonado.

“Foi uma brincadeira de péssimo gosto. Muitos policiais militares, que tem o dever de proteger a população, tiveram que ser deslocados para o local do achado e isso acaba comprometendo o trabalho de repressão ao crime. Apesar de ser apenas um simulacro, quem fez isso está sujeito a indiciamento e também a mesma pena de quem é flagrado com qualquer tipo de explosivo real”, afirmou o tenente Fabiano Mendonça.

Questionado, o oficial descartou a possibilidade de que o artefato pudesse ter alguma ligação com os recentes ataques a bases, viaturas e oficiais da Polícia Militar na Grande São Paulo - quase 50 soldados foram mortos.

“Se fosse um ataque ou até mesmo algum tipo de aviso, o objeto teria sido deixado escondido e bem mais próximo da nossa sede”, resumiu.

Após a detonação, o objeto foi apreendido e encaminhado para a Polícia Civil. A DIG (Delegacia de Investigações Gerais) instaurou inquérito policial para apurar o caso e tentar identificar a autoria da “brincadeira”.

ENTENDA

De acordo com informações da Polícia Militar, por volta das 23h, um vigia noturno fazia a ronda pela rua Luiz Pereira Barreto, uma das travessas da Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, no Jardim Maria Izabel, zona leste da cidade, quando viu uma luz de LED vermelha piscando sobre uma caçamba de entulhos, depositada perto ao muro lateral da Escola Estadual Professor Amilcare Mattei.

“Assim que ele se aproximou e percebeu que a aparência era de uma bomba, ele nos procurou na base (localizada no lado oposto da rua) e relatou o ocorrido. Assim que verificamos e notamos que realmente poderia ser um explosivo, tomamos a medida padrão, que é relatar ao GATE. O grupamento existe justamente para atender casos como esse”, explica o tenente.

Pelo horário e também pela chuva intensa, foi informado que o esquadrão viria de avião ou helicóptero para a cidade apenas pela manhã. A previsão de chegada em Marília era para, o mais tardar, às 8h, porém o mau tempo obrigou o grupo a vir via terrestre, em sua própria viatura. Com isso, os especialistas em bombas só chegaram por volta das 12h30.

Para evitar riscos, uma clínica médica localizada ao lado da base policial foi impedida de atender e a direção da escola, orientada a não deixar os alunos a se aproximarem do ginásio de esportes. Já as aulas aconteceram normalmente, uma vez que as salas ficam do lado contrário do local do achado. Como não há residências no entorno, nenhum imóvel precisou ser evacuado.

Um dos quatro policiais do GATE, equipado com roupas especiais e utilizando um braço mecânico, retirou o artefato da caçamba e o colocou sobre um monte de areia já existente no local. Na sequência, foi feita a detonação de forma remota.

“Após isso, ao analisar a bomba, foi descoberto que ela fora confeccionada com fita adesiva e recheada de areia. Não havia nenhum grama de pólvora ou algo que pudesse explodir. A luz piscando era alimentada por uma bateria de celular acoplada ao fundo”, explicou Mendonça.

Ainda segundo o oficial, a base policial ainda não possuiu sistema de monitoramento, diferentemente da clínica médica. A polícia deverá analisar as imagens na tentativa de identificar a autoria da falsa bomba. O GATE retornou para a capital paulista logo após a detonação. Foi a segunda vez que o grupamento veio à cidade atender uma ocorrência envolvendo explosivos.

TENSÃO - Policial, com roupa especial e braço mecânico, retira falsa bomba de cima de caçamba

ENCONTRO - Artefato foi encontrado por vigia noturno e tinha uma luz de LED vermelha piscando