Sem cirurgia, criança de oito anos recebe prótese cardíaca na Santa Casa de Marília



A equipe do serviço de hemodinâmica da Santa Casa de Marília, que realizada intervenções menos invasivas para tratar cardiopatias, devolveu vida normal a mais uma criança com doença congênita cardíaca. O procedimento, inédito em Marília para solucionar “persistência de canal arterial”, foi realizado no final de setembro. O atendimento contou com participação de um especialista do Incor (Instituto do Coração de São Paulo).

A pequena Vitória Carolina Alcântara Silva, de oito anos, começou a apresentar há alguns meses sintomas que preocuparam a mãe. A dona de casa Márcia Soares Santos, conta que percebeu a formação de angiomas (tumores vasculares benignos) perto do punho da criança. 

Ela buscou o tratamento médico e precisou de várias consultas, com diferentes profissionais, até obter o diagnostico de cardiopatia. “A gente não imaginava o que era. Quando soube que era no coração, fiquei muito preocupada. Meu medo era uma cirurgia, que poderia ter complicações”, afirma Márcia.

O médico intervencionista Pedro Beraldo de Andrade, integrante da equipe da hemodinâmica da Santa Casa, explica que a “persistência do canal arterial” ocorre quando uma estrutura necessária apenas para a vida intrauterina se mantém, mesmo após o tradicional “primeiro choro do bebê”.  

O canal arterial permite a oxigenação do sangue, durante a gestação, mas após o nascimento pode se tornar um empecilho para a circulação sanguínea. Normalmente, a estrutura se fecha entre 12 e 48 horas após o nascimento. Em casos raros, como o de Vitória, o canal persiste e gera transtornos na circulação. O risco é de insuficiência cardíaca ou hipertensão pulmonar.

Os sintomas são dificuldade de ganhar peso e cansaço, entre outras manifestações. “Esses casos eram tradicionalmente tratados com cirurgia, mas graças às técnicas de hemodinâmica temos conseguido evitar procedimentos mais invasivos,” explica Andrade.

Sob anestesia local e leve sedação, o paciente tem um cateter introduzido através de uma pequena punção na artéria femoral (virilha). Os médicos intervencionistas levam até o coração uma prótese, que corrige o defeito estrutural do coração. O material é próprio para oclusão, ou seja, adere ao órgão e acaba revestido pelo próprio tecido da artéria.

No caso de Vitória, o procedimento levou menos de duas horas. Se fosse uma cirurgia tradicional, além dos riscos inerentes à própria operação, a paciente enfrentaria todos os transtornos antes e depois da cirurgia, além das marcas de uma extensa cicatriz na pele.

Foi o quarto procedimento para correção de doença estrutural cardíaca, feito pela hemodinâmica da Santa Casa; o segundo em criança. O médico Pedro Beraldo Andrade destaca a parceria com o hemodinamicista Raul Arieta, que já havia participado de procedimento anterior no hospital. Experiente no uso da técnica, ele é um dos responsáveis pelo setor de cardiopatias congênitas do Incor (Instituto do Coração de São Paulo).


Vitória Carolina Alcântara Silva, de oito anos, ao lado da sua mãe

 

Assessoria de Imprensa



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