Após a grande repercussão da nossa matéria referente à atual situação dos moradores de rua que vivem no Casarão abandonado, localizado na Avenida Siqueira Campos com a rua Alfredo Ângelo Soncini, na Vila Nova, resolvemos dar continuidade na matéria e verificar se o problema está sendo solucionado.
Entrevistando um dos moradores do Casarão, conhecemos um que está pedindo ajuda para sair da dependência das drogas e do álcool. Abraão Moura dos Santos, de 30 anos, está morando no casarão desde dezembro, ele é de São Paulo, veio para Paraguaçu após receber a liberdade do Centro de Detenção Provisória de Caiuá, onde permaneceu alguns meses detido pelo crime de furto. Abraão informou a nossa reportagem que escolheu vir para Paraguaçu por ter a avó e a mãe morando aqui, ao chegar tentou morar junto com elas, mas por ser dependente a sua mãe não o aceitou. “Minha mãe me aboliu”, disse Abraão.
Com um ótimo conhecimento, Abraão finalizou o ensino médio e já trabalhou como artesão e cozinheiro, mas desde que começou com o vício ficou difícil de conseguir um emprego. “Agora nem tento mais arrumar emprego, o meu vício com as drogas e o álcool me atrapalha muito, quando estou trabalhando dá vontade de ir beber e cheirar, e isso é mais forte e acabo indo e me prejudicando”, completa o morador.
O que mais nos impressionou em Abraão é a vontade de querer sair desta atual situação. “Tenho muita vontade de sair do vício, se alguém me oferecesse à mão, eu a agarraria sem dúvidas. Sozinho, sem ajuda, não conseguimos nada”, diz ele.
Tanto para a população como para os moradores do Casarão, o local está sendo visto como um ponto de venda de drogas, mas ao contrário, segundo Abraão é o único local na cidade onde eles têm para dormir e se proteger. “A única coisa que fazemos aqui é beber, não usamos nada aqui, ainda menos vender. É o único local onde temos condições de ficar. Se dormíssemos na rua é perigoso alguém vir e colocar fogo ou nos matar, aqui pelo menos, ao dormir, trancamos as portas e um olha pelo outro”, explica Abraão.
“Quero que me interne, me ajude, se quiser, me leve preso, pelo menos na cadeia tenho um local para dormir e comer”, diz indignado o morador.
De acordo com Abraão, o poder público não os auxiliam.
Entramos em contato com a atual responsável do Departamento de Assistência Social, Nilze, que nos informou que a responsabilidade pela solução dos problemas dos moradores do casarão é do CREAS – Centro de Referencia Especializada de Assistência Social.
Em contato, Izabella Garms, técnica do CREAS, informou que estará nesta próxima semana entrando em contato com os moradores do casarão, e verificar se Abraão quer ser ajudado. “É necessário que o morador esteja disposto a ser ajudado, caso ele queira realmente, faremos a mediação, encaminhando-o ao Centro de Saúde para que seja feita a diagnosticação e se é necessário a internação, caso seja, reservaremos uma vaga e o encaminharemos para o tratamento. Neste período de tratamento, iremos fazer um trabalho junto à família para que quando ele volte à família saiba acolhe-lo e dê continuidade no tratamento”, explica Izabella.
Segundo informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal, já foram enviadas várias notificações aos herdeiros da propriedade para que o local fosse limpo, porém, isso não resolveu, agora as notificações foram encaminhadas ao Ministério Público e a prefeitura entrou com uma ação, que está sendo aguardado a posição do juiz. A parte do local que é de responsabilidade da prefeitura já foi totalmente limpo.
Abraão Moura dos Santos pede ajuda para sair dos vícios
A Prefeitura Municipal enviou várias notificações para os herdeiros da propriedade, porém, nada adiantou
Os serviços de limpeza que cabem à Prefeitura já foram realizados