Altos salários de alguns empregados foi o tema principal da coletiva, realizada na própria Santa Casa

 

O provedor da Santa Casa, Osnir Zancanaro; a administradora, Lucilene Tonelli, e o resposável por captar recursos para a entidade, João Paulo Scaramboni, se reuniram com a imprensa local
 

Recentemente, alguns vereadores da Câmara Municipal fizeram alguns questionamentos à Santa Casa de Misericórdia de Paraguaçu Paulista, entre eles dos altos salários pagos para alguns empregados. Nesta semana, o provedor da entidade, Osnir Zancanaro, reuniu a imprensa e comentou sobre esse assunto e sobre a atual situação da Santa Casa.

Zancanaro iniciou relatando que a Santa Casa não tem o dever de prestar contas à Câmara Municipal, pois a entidade não é administrada pela prefeitura, apenas recebe uma quantia em dinheiro referente ao convênio firmado.

“Eles não têm o direito de investigar a Santa Casa, pois não somos um órgão da prefeitura. A Câmara investiga a prefeitura e a gente não é a prefeitura. A vida da Santa Casa está no Departamento de Saúde, é quem a gente deve prestar conta. Recebemos verbas da prefeitura, mas é de um convênio assinado. Se nós não cumprirmos aquilo que está assinado no convênio, nós não recebemos”, disse o provedor.

A administradora da Santa Casa, Lucilene Tonelli, também participou da coletiva e disse sobre as prestações de contas que a entidade realiza. “Nós temos convênios municipal, estadual e federal e a cada um deles a gente presta contas. E tudo o que acontece na Santa Casa enquanto atendimento, o Departamento de Saúde tem tudo. Então, eles [vereadores] poderiam ter solicitado por lá. Quanto à prestação de contas municipal, nós já recebemos o parecer do município que está favorável e aprovado.”

As prestações de contas também foram aprovadas por outros órgãos, como frisou Lucilene. “Todos os fiscais que vieram investigar os recursos do Ministério da Saúde aprovaram sem restrição e com muito elogio por causa da organização da administração e da forma que trabalhamos com o dinheiro do órgão federal. O Tribunal de Contas também esteve aqui com a gente, passou o dia aqui e saiu altamente satisfeito, elogiando a forma de prestação de contas e tudo com a clareza dos documentos.”

Sobre os altos salários de alguns empregados, Osnir Zancanaro relatou que eles pagam como todas as outras Santas Casas e hospitais pagam. “Para eles, só porque somos uma instituição de caridade, todos têm que fazer misericórdia e não cobrar nada. O único que não cobra nada e faz tudo de graça sou eu, mas eles acham que todo mundo deve fazer isso”.

Estes questionamentos, segundo o provedor, não vem apenas de vereadores, mas também de alguns membros da Mesa Administrativa da própria Santa Casa. “A Mesa Administrativa está querendo que a gente demita estes funcionários. Isso é a mesma coisa que tirar um mastro de lona de circo, cai tudo. Até recuperar tudo isso de novo, quanto tempo vai? A Santa Casa vai perder por causa disso, porque está pagando um pouco mais para cada um? Eu briguei por causa disso, e hoje estou até sendo crucificado porque não tomei essa providência e eu não vou tomar.”

 

Zancanaro explicou que ele não demitirá os funcionários questionados por receberam salários altos
 

Para João Paulo Scaramboni, captador de Recursos e Marketing da Santa Casa, a demissão deveria ocorrer se existisse incompetência destes profissionais. “Mas demitir para contratar um mais barato e perder anos de experiência?”, completou ele.

Scaramboni disse que estes questionamentos atrapalham a Santa Casa a buscar recursos. “A hora que você vê uma pessoa pública usando a tribuna, usando a sua imunidade parlamentar, para dizer que aqui tem pessoas incompetentes, o quanto isso reflete na captação de recursos. Vocês têm noção?”

A prestação de contas da Santa Casa é realizada anualmente durante assembleia. A próxima ocorrerá no dia 17 de março e será divulgado o relatório de atividades. “Consta tudo lá, todos os atendimento, todas as internações, pronto-socorro, toda a entrada de doação, qualquer que seja ela. Lá tem toda a prestação, tem todo o balanço”. De acordo com Lucilene, esse documento é enviado à Prefeitura Municipal.

Osnir Zancanaro disse também sobre o motivo de alguns membros da Mesa Administrativa serem contra alguns posicionamentos tomados pela provedoria. “Acho que alguns da mesa estão contra da gente não fornecer a documentação que a Câmara pediu. O nosso jurídico, baseado nas leis, achou que não deveria e não mandamos. Teve certo atrito com uma minoria da mesa. Uma segunda ala da mesa, debateu contra os salários, mas ao meu ver é pessoal. Intriga de não gostar de tal pessoa e faz a cabeça de uma turma.”

A decisão de demitir ou não os funcionários com maior salário ficou a cargo do provedor, e as demissões não foram feitas. “O próprio estatuto da Santa Casa dá ao provedor a prerrogativa de demitir ou admitir funcionários. Isso é algo exclusivo do provedor, no qual está aqui dentro e sabe o que está acontecendo”, explicou Zancanaro.

Para Lucilene, a experiência destes profissionais e o investimento em aperfeiçoamentos e especializações refletem no que a Santa Casa é hoje: uma entidade exemplo para outras da região e até de outros estados.

“A Santa Casa vem preparando toda uma equipe e a gente vem tendo um resultado que foi o certificado ouro, que foi através de um consultor da Secretaria do Estado de São Paulo, juntamente com a Confederação das Santas Casas. Conseguimos a segunda maior nota para a região. Quem conseguiu também o ouro foi a Unimar, por ter uma estrutura moderna e nós temos uma de 70 anos atrás. E por trás de tudo isso tem uma gestão”, ressaltou a administradora.

 

VERBAS E SALÁRIOS EM DIA

Na última semana, representantes da Santa Casa de Paraguaçu Paulista foram até Brasília participar de um congresso e retornaram para a Estância com ótimas notícias. Eles conquistaram quatro emendas que totalizaram cerca de R$ 1.175.000,00. Outro ponto importante da entidade é o compromisso em pagar em dia os salários dos seus empregados. Neste ano, todos os colaboradores já receberam o décimo terceiro salário.

 

ESCUTANDO A POPULAÇÃO

O provedor disse que a Santa Casa dá voz à população e é através dos seus questionamentos que a entidade vai se reestruturando, para que possa prestar o melhor atendimento possível. A Santa Casa possui uma Ouvidoria onde os pacientes podem fazer suas sugestões e reclamações. Um resultado da Ouvidoria foi, recentemente, a demissão de dois médicos. “Eles eram campeões de queixas e não poderiam continuar”, explicou o provedor. Outra forma de realizar as sugestões e reclamações é através das caixinhas localizadas na recepção da entidade.