Atletas paraguaçuenses participaram da prova de ultramaratoma mais difícil do Brasil, o Brazil Ultramarathon 135, uma prova de 135 km na serra da Mantiqueira, entre a divisa de Minas Gerais e São Paulo.
A prova passou por 10 cidades, e teve sua altimetria de + de 5.000 metros, em outras palavras foi como subir 5 quilômetros, além de um percurso todo feito em estradas rurais e o clima que constantemente mudou, uma hora calor de mais de 30ºC outra hora chuvas.
Participaram desta prova mais de 300 atletas de 6 países (Brasil, Argentina, França, Paraguai, EUA e Uruguai) , todos em busca de um objetivo, seja superar as serras , sono, frio, chuva , cansaço físico, mental e para outros, garantir índice para a Ultra Badwater nos EUA. A prova tinha até 120 horas ser cumprida. Por conta de todos este detalhes que a BR135 é considerada a uma das provas mais difícil do Brasil.
A equipe de ultras paraguaçuenses na prova, os Up Trails Ultramaratonistas, foi composta pelo professor de corrida Rafael Fidalgo, Danyla Tranquilino e Elizeu Ribeiro.
Os atletas estavam inscritos para modalidades 135 km, e planejaram a prova para 3 dias, pois como estão em ciclo de preparação para um evento maior aproveitaram a BR135 para testar não só o limite físico e mental, mas também equipamentos , pois os atletas estão migrando para modalidades auto suficiente, que é levar toda sua alimentação, hidratação e equipamentos em mochila de 30L .
A largada aconteceu no último dia 14, na cidade de São João da Boa Vista, às 10h, e seguiram por 33 km até a cidade de Águas das Pratas. Nesse trajeto, passaram pela Serra do Deus Me Livre, com 1.600 metros de altimetria em relação ao nível do mar, sem contar as belas paisagens da serra o qual se estende pelo percurso.
Chegando em Águas das Pratas, foram de encontro à equipe de apoio, formada por Lucilene Teodoro e Gilza Tranquilino, onde fizeram uma refeição, reabasteceram mochila com água e suplementos e seguiram para última parte do dia 1, que era de mais 33 km até Andradas. Nessa parte da jornada, já à noite, enfrentaram chuva, frio e sono, mas eles seguiram finalizando dia às 03h da manhã, com exatos 63 km de prova.
Com apenas 4 horas de sono, iniciaram o dia 2, uma jornada de 42 km até a cidade de Ouro Fino, com muita chuva logo pela manhã dificultando a progressão no terreno. Novamente os atletas se deparam com mais uma serra, a Serra dos Limas, com 1.000 metros de altimetria em relação ao nível do mar. No período da tarde, com o cessar da chuva, iniciou um calor de mais de 30ºC. Mesmo com tantas dificuldades, os nossos atletas conseguiram transpor e superar. Ao cair da tarde, conheceram o morro do Sabão, onde para subir foi quase uma escalada, mais uma vez superada.
Se não bastassem todas as dificuldades já citadas, às 18h, faltando aproximadamente 11 km para encerrar o dia 2, uma tempestade se formou e levou chuva, frio e escuridão, mas, mesmo com essas adversidades, os atletas finalizaram o dia 2, chegando à cidade de Ouro Fino por volta da meia-noite, podendo assim descansar um pouco mais para a jornada final do dia 3, 30 km.
O dia 3 iniciou às 8h. As dores e bolhas eram reais, mas a vontade de vencer superava tudo. Pois muita gente torcia pelos atletas, que estavam representando nossa cidade e sabiam que inspiravam pessoas, seja em iniciar nas corridas ou a conquistar sonhos.
“Foi uma jornada tranquila, mesmo com chuva, nosso foco era terminar, apenas isso”, relatou Fidalgo.
“Foram os melhores 30 km, onde a conversa era alegre e as subidas se tornavam imperceptíveis. Ao longe, nas serras, avistávamos nossa cidade de chegada, Borda da Mata”, comentou Danyla Traunquilino.
“Fazer esta prova ao lado de amigos não tem preço que pague. Por mais que as dores, o cansaço sejam grandes, a vontade de vencer é maior. Eu, com 67 anos, mesmo com pessoas dizendo que não conseguiria ou não devia fazer, mostrei que a idade não é um fator limitante para nossos sonhos”, disse o professor Elizeu Ribeiro .
Após 6 horas e 30 minutos de prova no terceiro dia, os atletas foram recebidos pelo apoio com todo carinho e respeito pelo grande feito, finalizando assim 135 km em uma das provas mais difíceis do Brasil e das carreiras dos mesmos.
“Correr 3 dias com 4 mil metros de subida e carregando mochilas de sobrevivência com 30 kg foi uma experiência surreal para nós, mas temos a certeza que somos capazes e queremos mais”, finalizou Fidalgo.