Como diria Nietszche “acho que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolinhas de sabão... Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e que se movem é o que, de mim, arrancam lágrimas e canções. Se Deus fosse um ser que vivesse a dançar, seria um deles...”.
Diversas pesquisas tentam e encontram muitas outras explicações, teorias para a origem, uso e descobertas relacionadas às bolhas de sabão, mas não é esse o caso.. Mais do que uma reação química, uma utilização matemática, uma descoberta física, a bolha de sabão é, antes de tudo, uma fábrica de alegria, de felicidade, de sorrisos...
Você já viu uma criança brincando e correndo atrás de uma bolha de sabão, ou bolinha de sabão como é conhecido em nossa região?
E mais ainda, você se lembra, com certeza, de quando arrancava folhas de mamão para queimar os talos e fazer canudos para soprar bolinhas de sabão não?
Se nunca fez ou não se lembra, fala e terás uma surpresa muito grande, ainda mais se uma criança estiver ao seu lado, criança que pode ser até você mesmo...
Lembro-me, como se fosse hoje, quando eu e meu primo subíamos na cerca de balaustra para apanhar as folhas do mamoeiro que dividíamos com o vizinho, pois o pé de mamão resolveu que ia nascer bem no meio da cerca, produzindo ora pra uma, ora pra outra família.
Depois que recebíamos os devidos “elogios” de minha mãe e até da vizinha, sobre os perigos de subir na cerca, a maldade de arrancar as folhas do mamoeiro e, principalmente, o crime de derrubar as flores que poderiam gerar as frutas que, em tempos difíceis, talvez fossem as únicas a serem degustadas pelas famílias, no mês ou por tempo ainda maior... Mas tudo era possível naquela doce infância...
Depois de consumado o “assalto” ao mamoeiro, nos escondíamos por entre as árvores do fundo do quintal e munidos de mais um produto de “furto”, desta vez à cozinha, queimávamos folhas secas e queimávamos os “canudos” de mamão para tirar o leite que dava ferida na boca...
A próxima etapa era a mais difícil, convencer a mãe a “doar” um pouco do caro sabão em pó para que pudéssemos, “pobres coitados e sem brinquedos”, se divertir com as bolhas de sabão...
Depois de respondermos ao interrogatório a cerca dos “produtos dos furtos” que estavam em nosso poder (canudos, fósforos e canecas para as misturas), finalmente vinha o momento mágico: água e sabão em pó!
Nunca uma mistura tão simples produziu uma química tão perfeita. Como uma simples caneca amassada cheia da “mágica” mistura produz tantos sorrisos e momentos de intensa felicidade?
E as manhãs, tardes e finais de semana eram assim... Intensos. De cima da cerca (desce daí moleque), das muretas da casa e até dos galhos de árvores era uma chuva de intensas gotas de felicidade...
Pare e veja, imagine pelo menos, o quanto uma criança ri, sorri e solta gargalhadas de prazer ao correr atrás das bolinhas de sabão...
Elas voam pelo ar, soltas, sem destino e sem controle, vão ao vento, lindas, leves e coloridas... Grandes ou pequenas, mas sempre transportando alegria, mas muita alegria... Como é bom!!!
Lá se vão as bolinhas de sabão, simples, mas carregadas de emoção e deixando, por onde passam, um rico traço de alegria, felicidade... Ahhhh!!! Como é bom! Já pensou se as pessoas tivessem o conteúdo e as possibilidades de uma bolinha de sabão? Como disse Nietszche “acho que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolinhas de sabão...”
Por: Valter Fortuna