Essa é uma história que precisa ser dividida com todos!
Numa floresta bem grande e densa existia uma série de famílias de pássaros que viviam voando de galho em galho e, por onde passavam, paravam e iam cantando a mais bela das canções já ouvidas.
Eram várias famílias diferentes e cada uma com seu canto típico e muito lindo. Uns faziam um trinado que dava gosto de ouvir, outros cantavam sons jamais imaginados e ouvidos e tudo com uma leveza tão suave que quem ouvia ficava até emocionado.
Um belo dia, com o cair da noite mais rápido do que o normal dois pássaros de famílias diferentes acabaram por se aninhar num mesmo galho de uma árvore frondosa no final da floresta. Até que o último raio de sol sumisse no horizonte ficaram lá, os dois, pertinhos e cantando, cada um a sua canção...
Foi um entardecer diferente para os dois e para todos que puderam ouvir aqueles cantos diferentes e inconfundíveis se misturando com o vento do início da noite...
Foi uma noite bela e os dois pássaros emocionados com o espetáculo que acabaram proporcionando um ao outro, acabaram se emocionando e, é claro, se envolvendo emotivamente um com o outro.
Ela uma passarinha linda, esbelta e toda colorida. Ele um pássaro forte, desafiador e um tanto que rebelde que vivia sempre em busca de algo diferente. Como os opostos se atraem ficaram juntos e todo final de tarde se encontravam naquele galho de sempre para entoar seu belo canto acalmando os raios de sol.
Cantaram, cantaram e cantaram e com o passar dos dias e das noites ficaram cada vez mais juntos...
Que feliz união!
Com o passar do tempo cada um, mais inspirado ainda pela admiração do outro enquanto cantava, começou a diferenciar o canto com melodias que nunca se havia escutado por aquelas paragens...
Foi um show a cada dia!!!
Logo outros pássaros começaram a perceber os dois juntos, mas todos estranham, pois normalmente se aninham em galhos juntos sempre os da mesma espécie, mas eles, completamente diferentes, estavam lá, juntinhos e felizes, cantando as mais belas canções...
Logo a notícia chegou ás duas espécies e todos das famílias ficaram sabendo que eles estavam, mesmo não sendo a mesma espécie, passando as noites juntos.
Foi um horror entre as famílias e a decisão mais rápida que a notícia. Os dois deveriam ser separados, pois não pertencem ao mesmo grupo...
As duas famílias providenciaram tudo e logo o galho estava lá, vazio, o final de tarde mais triste e as belas canções emudecidas...
O pássaro, embora forte, se calou, pois estava abalado com a distância. E a passarinha, coitada, frágil como só ela, estava ainda mais fragilizada, triste e igualmente muda...
Mas o que todos não sabiam é que a passarinha, em breve, teria o rebento do amor que nascera entre os diferentes. Preocupados os pais dela cuidaram de separá-la do ovinho tão logo nascera, dizendo que gaviões haviam atacado a árvore e destruído o ninho...
O que já era triste ficou ainda mais emudecido...
O pássaro e a passarinha agora voavam com suas famílias e cantavam, pois o seu canto era a sua vida, mas era um canto triste, quase de lamento e de pedido de socorro. O tempo passou e, eventualmente as famílias se cruzavam pelo canto da floresta e os dois, ainda apaixonados se viam de longe e cantavam triste...
Um dia, nesses galhos cruzados da vida dos dois, escutaram ao longe um canto lindo, ainda que triste, mas inevitavelmente lindo...
Foram os dois correndo ao encontro do galho de onde ouviam o canto, deixando para trás toda a vigilância das famílias... Lá estava ele... Um pássaro diferente... Lindo, nem grande e nem pequeno, colorido, delicado e, ao mesmo tempo forte... Reunindo características dos dois... Agora sim não tinham dúvidas... O canto daquele pássaro diferente denunciava: era o filhote deles que, reunindo o que os dois apaixonados possuem de mais belo, se expressava ao mundo com belos cantos, acreditando que poderia unir toda a família, através de sua mais bela herança: o canto, a música.
Conseguiu através da música e do canto unir a família e tornar o entardecer novamente belo e alegre com todos agora, inclusive as famílias, aceitando as diferenças e cantando felizes... para sempre!!!
Por: Valter Fortuna