Descobri que amo correr a mais ou menos quatro anos atrás, na época corria para manter a forma e para me “sentir bem”, pois sentia que após cada corrida, a sensação de bem estar era incrível.
No natal de 2010, em minha casa, quando meus filhos perguntavam o porquê eu corria e eu citei a alegação acima, eles me desafiaram: corra a São Silvestre. Pronto, o desafio foi aceito e o que era algo impossível foi se tornando realidade.
Comecei 2011 participando de minha primeira competição: Corrida Bradesco Seguro em Marília, 5 km, e assim fui ousando os 8 km e depois 10 km e fechei o ano com sete competições realizadas.
Foi na companhia de meu amigo Rafael Fidalgo que realizamos juntos a nossa primeira São Silvestre 2011, o sonho tão acalentado agora virava realidade, e lá estávamos nos dois naquele “mar de gente”, participando de uma festa inesquecível.
Sonhar pouco nunca foi meu forte, Comecei 2012 pensando nos 15 km da São Silvestre, que emoção seria se eu conseguisse realizar uma meia maratona, ou seja, 21km.
Tudo isso seria muito fácil se minha carga horária fosse mais flexível, mas não é. Tenho dois vínculos de trabalho que somam 12 horas diárias: sou assistente social na Santa Casa e na Prefeitura de Paraguaçu Paulista. Achar tempo para os treinos localizados e de rua, só se fossem nas madrugadas. Madrugadas mesmo: 4 horas da manhã e nos fins de semana estrada, às vezes sozinha, às vezes acompanhada de amigos que alimentavam meus sonhos.
Na época surgiu a equipe ‘Movidos a Endorfina’, constituída de Adriana Assiz, Rafael Fidalgo e Danilo Steven. Juntos, no mês de junho de 2012, fizemos os 21 km de Florianópolis. Minha primeira meia Maratona foi realizada. Muitas pizzas, feijoadas e yakisobas para pagar nossas despesas e transformar esse sonho em realidade.
Em agosto de 2012 realizei mais um sonho, a meia maratona mais bonita do Brasil: Rio de Janeiro, na ocasião podemos ir eu e Rafael Fidalgo. Na primeira quinzena de dezembro, mais um desafio vencido, fui a Belo Horizonte participar da Volta Internacional da Pampulha em seus 19 km.
Novamente em dezembro de 2012, lá estava toda a equipe ‘Movidos a Endorfina’ reunida novamente para mais uma prova maravilhosa: os 15 Km São Silvestre. Indescritível, correr a segunda São Silvestre e passar o réveillon na Avenida Paulista com os amigos, foi um sucesso.
O ano de 2013 chegou e com ele muitos problemas pessoais e para superá-los eu, além de recorrer a Deus, corria muito, muito e muito. Por que não pensar em uma maratona? Perguntei a meu grande amigo e personal trainer Webber Severiano, qual é a prova mais plana e fria que temos no Brasil? Dentre algumas que ele falou, eu escolhi, após pesquisar, Porto Alegre.
A Maratona aconteceria em junho de 2013. Em janeiro comecei meus treinamentos com uma planilha muito severa, senti que a coisa estava ficando muito séria. Suspendi a participação em muitas competições pequenas, realizei novos exames clínicos e físicos, consultei uma nutricionista, adotei em minha alimentação vários suplementos, trabalhei meu emocional e realizei muitos treinos. Vários deles muito soltária, com dores, sono, preguiça, desanimo..... mas quando eu pensava que percorrer os 42 quilômetros e 195 metros de uma maratona seria desafiar meus próprios limites, aí tudo se transformava em mim: foco, determinação, perseverança, obstinação passava a ser meu ideal.
O dia do embarque para Porto Alegre chegou e junto dele um resfriado que me causava dores de cabeça e as vias aéreas obstruídas, tudo isso faltando dois dias para a competição. “Meu Deus o Senhor que esteve comigo durante todo esse tempo de preparo, não me deixe falhar, eu quero muito correr essa maratona, me ajude Senhor” Essa era a minha prece consciente e certa de que seria atendida.
E fui atendida, após dois dias de descanso, alimentação e medicação usadas segundo critérios estabelecidos, lá estava eu na linha de largada no dia 16/06/2013 para realizar meu sonho maior: os 42km de Porto Alegre. Durante o percurso eu sentia que Deus não só tinha me ouvido, mas sim que Ele estava do meu lado como um grande personal. Sentia uma alegria intensa, não senti nenhum tipo de dor, não parei nenhum momento, suplementei segundo as necessidades de meu corpo, tudo era uma grande explosão de emoção. 10, 20, 30, 40 km, quando avistei o portal da chegada explodi de emoção e comecei a gritar de alegria e agradecimento, chorava e sorria ao mesmo tempo. Coisa linda o sonho fora realizado com um tempo record: 4 hora e 9 minutos. Nossa até eu me surpreendi.
Deixo aqui uma mensagem a todos que leram esse testemunho pessoal: se você tem capacidade para sonhar e acreditar que pode, e dar o seu melhor em prol disso: acredite, tudo conspira a seu favor e seu sonho será realizado.
Josy Pereira, 48 anos