Mariliense que perdeu esposa após parto dos filhos gêmeos é destaque no programa Fantástico


Homem passa 1º Dia dos Pais com gêmeos após esposa morrer no parto

 

Um homem vai descobrir as promessas, os sonhos e os desafios da vida de pai. Depois de quatro anos tentando, Keila, a mulher de Gledson, engravidou de gêmeos. Há pouco mais de um mês, nasceram os filhos, um menino e uma menina. No mesmo dia, horas depois do parto, Keila teve complicações médicas e não resistiu.

Em seu primeiro dia dos pais, Gledson se divide entre a alegria de ter os filhos tão sonhados e a dor de ter perdido a mulher. Um homem que, a partir de agora, vai ser pai e mãe para Maria Luiza e para o Samuel.

A cumplicidade aparece no olhar. No colo do pai, Maria Luiza finalmente respira sem a ajuda de aparelhos. No berço, em tratamento, Samuel ainda não pode experimentar o calor de um abraço. “Muita responsabilidade, duas vidas sob a minha responsabilidade. Então vai ser um tempo de muito aprendizado também, de muita cumplicidade entre nós três. Vai ser muito bom”, diz Gledson Pereira.

Os pequenos estão em processo de recuperação após o parto prematuro, de oito meses. Cada minuto é acompanhado de perto pelo pai. “Agora, os bebês estão mais estáveis clinicamente e estão no processo de preparação para alta para casa. A presença da família dentro da UTI neonatal é o mais importante”, explica a médica neonatologista Daniele Garbelini.

A rotina não foi uma escolha. A vida desse pai, que também é mãe, se transformou em poucas horas. Gledson e Keila tentaram ter filhos por quatro anos, sem sucesso. Depois de um tratamento de fertilização, o resultado: gêmeos! “A Keila vinha orando para gêmeos. Ela vinha pedindo para Deus dar dois filhos para ela. Foi muito, muito especial. Eu já fiquei feliz desde o primeiro momento”, diz o pai.

Com 36 semanas de gestação, Keila começou a sentir muita falta de ar. Foi para o hospital e teve uma parada cardiorrespiratória. O parto, feito às pressas, garantiu a vida e a saúde dos bebês, mas a mãe não resistiu e morreu seis horas depois, sem conhecer os filhos. “Agora, com a partida da Keila, eu passei a aprender um pouco mais do universo de mãe. Então, eu sei que eu vou ter que dar de mamar para eles e é um momento de olhar no olho, de muito carinho, de muita intimidade. É um momento que vai começar a estabelecer essa troca de amor muito grande”, diz Gledson.

O Fantástico entrou na parte mais importante da casa, o quarto do Samuel e da Maria Luiza. Gledson olha todos os dias e fica na expectativa de levar os dois filhos para lá. “É uma vontade imensa de ver cada um no seu bercinho e começar a viver esse momento muito íntimo com eles”, conta.

É fácil entender tanta expectativa: é ele quem vai passar o dia todo com os bebês pelos próximos meses. Com muito esforço, Gledson conseguiu um benefício ainda incomum aos pais: uma licença-paternidade. “Quando isso tudo aconteceu, o pessoal da empresa já me ajudou a organizar essas coisas. Foi o primeiro caso tanto na empresa quanto na base do INSS de Marília. Então teve que achar qual é a base legal, qual é a lei, qual é o artigo, como funciona, é integral, não é integral... Se entenderam, empresa e INSS, e eu só fui para lá para assinar”, relembra.

“Com a lei específica, o pai pode pedir ao seu próprio empregador que vá ao INSS comprovando que a mãe faleceu e de que ele tem direito a esse benefício durante os mesmos quatro meses, da mesma forma que teria a mãe, se não tivesse falecido”, explica o advogado trabalhista Luiz Guilherme Migliora.

No caso de Gledson, o INSS concedeu quatro meses. A empresa, mais dois. Com mais um mês de férias, serão sete meses cuidando dos filhos. Parece muito, mas para Gledson é pouco, perto de uma vida inteira que ele espera ter ao lado da Maria Luzia e do Samuel. “Esse papel é meu. Algumas atividades, alguns papéis que eram exclusivos da mãe, eu não abro mão. Isso eu vou fazer integralmente”, afirma Gledson. (Fonte: g1.globo.com)



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