Polícia aplicou 563 multas por excesso de carga no ano passado.
O transporte irregular de cana está colocando em risco a vida de trabalhadores e de usuários de rodovias da região Centro-Oeste Paulista. A Polícia Rodoviária tem multado, mas mesmo assim, muitos caminhões saem dos canaviais com a carga acima do limite de segurança e da capacidade do veículo. Em alguns casos, parte da carga transportada fica fora da carroceria e pendurada. No ano passado, 563 motoristas que transportavam cana nas estradas das regiões de Ourinhos e Assis foram multados. Já em 2012, foram 185 veículos autuados.
Um caminhoneiro, que prefere não ser identificado, afirma que é comum transportar a carga acima do permitido. A irregularidade atinge também os motoristas terceirizados. "Fica uns dois metros de altura para aproveitar a viagem porque ganhamos por tonelada. A gente tem família, contas para pagar e se sujeitamos a tocar. Mas eu sei que se o guarda pegar quem vai pagar sou eu", disse.
Por causa dos excessos na hora do carregamento da cana colhida de forma manual, alguns caminhões que deveriam viajar com um peso máximo de 54 toneladas chegam a atingir até 80 toneladas, como explica o motorista. "Se ela estiver queimada dá bem mais peso. Com a palhada dá menos. Guiar o caminhão com peso acima fica mais difícil porque está num peso acima da quantidade dele”.
Para evitar acidentes, eles reduzem a velocidade, principalmente nas curvas. Mas nem sempre isso é suficiente. De janeiro a agosto deste ano, sete caminhões canavieiros sem envolveram em acidentes nas rodovias que passam por Assis e Ourinhos. Segundo a lei, a cana de açúcar deve ser transportada apenas dentro dos limites da caçamba dos veículos para evitar que a carga se desprenda e caia na rodovia. “Em toda via pública precisa ser respeitado o Código Brasileiro de Trânsito. O policial detectando que o veículo está passando dos limites legais de traseira, lateral e altura, são tomadas as medidas, desde autuação a recolhimento da documentação. A responsabilidade recai sobre o condutor e depois sobre o embarcador”, explica o tenente Gilberto Dias Martins.
A cana que cai dos caminhões fica espalhada pela estrada e pelo acostamento. Um motorista que preservou a identidade admite o risco de trafegar com o veículo nessas condições . “Fica perigoso cair cana em cima do carro. Está errado, o certo era ser com cana picada. Fica mais simples e mais fácil”.
Nas rodovias com praças de pedágios, os funcionários das concessionárias fazem a retirada das canas e dos bagaços para impedir que a drenagem seja prejudicada.

Caminhões circulam pelas estradas com cana para fora dos veículos (Foto: Reprodução/TV TEM)

Polícia Rodoviária tem intensificado fiscalização (Foto: Reprodução/TV TEM)