Saúde mental infantil: um alerta para pais e familiares

Desde a gestação, o bebê já é impactado por experiências que podem influenciar sua saúde mental.


O sofrimento emocional não é exclusividade dos adultos. Crianças – e até mesmo bebês – podem vivenciar angústias e dificuldades emocionais. Desde a gestação, o bebê já é impactado por experiências que podem influenciar sua saúde mental: complicações na gravidez, emoções vividas pela mãe, conflitos familiares ou até adversidades no ambiente onde a família vive, como catástrofes, violências ou instabilidades.

Reconhecer sinais de sofrimento emocional na infância é essencial. O desenvolvimento infantil segue marcos esperados, como aprender a andar por volta de 12 a 14 meses, formar frases simples em torno dos 2 anos e meio, ter um padrão de sono regular, adaptar-se à introdução alimentar e realizar o desfralde na fase adequada. Quando esses processos apresentam dificuldades, pode ser um alerta.

Outros comportamentos que chamam atenção incluem:

• Crianças que não demonstram interesse por brincadeiras ou cujas brincadeiras não fazem sentido;

• Crianças que preferem ficar isoladas e têm dificuldade para socializar ou brincar com outras crianças;

• Crianças que passam muitas horas em telas, como celular, vídeo-game ou tablet;

• Excesso de agressividade ou, ao contrário, crianças extremamente quietas e maduras para a idade – que "não dão trabalho" e se comportam como pequenos adultos;

• Alterações de humor diante de situações como separação dos pais, nascimento de um irmão, perda de um ente querido ou dificuldades financeiras na família.

Essas manifestações podem ser sinais de que algo não está bem. Identificá-las e buscar ajuda é um passo fundamental para cuidar da saúde mental da criança.

A psicanálise é uma ferramenta poderosa nesse processo. Como terapia focada na compreensão do sofrimento humano, ela ajuda a criança a lidar com suas emoções, aliviando ou eliminando o sofrimento. Além disso, o psicanalista infantil trabalha lado a lado com os pais, orientando-os em práticas que favoreçam o desenvolvimento saudável dos filhos – um desenvolvimento que abrange aspectos emocionais, sociais e cognitivos.

Mesmo que não haja sinais claros de sofrimento emocional, os pais e familiares podem tomar atitudes que ajudam a prevenir problemas futuros. É possível fortalecer a saúde emocional da criança separando um tempo diário para estar presente de forma plena: brincando, jogando jogos de tabuleiro, lendo histórias ou desenhando. Também é importante limitar o tempo de tela, incentivando o acesso aos brinquedos e atividades que estimulem a imaginação e interação.

Outro ponto fundamental é o bem-estar dos pais e o relacionamento entre o casal, pois isso impacta diretamente a criança. Cuidar de si mesmo é, também, cuidar dos filhos.
E se você perceber que sua criança não está bem, não se culpe. Pais são seres humanos, imperfeitos e falíveis. O mais importante é buscar ajuda e trabalhar em prol de mudanças que beneficiem toda a família.

Busque um psicanalista ou psicoterapeuta de sua confiança. Esses profissionais podem ser aliados fundamentais na jornada de cuidar da saúde emocional da criança.

Cuidar da saúde mental infantil é cuidar do futuro. Estejamos atentos aos sinais e dispostos a buscar apoio sempre que necessário.

Por:

Márcio Oldack Silva

Psicólogo e Psicanalista de criança, adolescente adulto

Membro Filiado do Instituto Durval Marcondes da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e do GEP – Grupo de Estudos Psicanalíticos de Marília e Região; especialista em Psicoterapias de Orientação Psicanalítica pela Famema; psicólogo pela Unimar.

Instagram: marcio_oldack_psi



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